Bairros do Rio e Longevidade
Bairros do Rio e Longevidade
OS RESIDENTES NOS BAIRROS DA LAGOA, TIJUCA, BOTAFOGO E VILA ISABEL
VIVEM MAIS TEMPO QUE OS RESIDENTES
NOS BAIRROS DA MARÉ, ROCINHA, JACAREZINHO E COMPLEXO DO ALEMÃO.
O Censo Demográfico que o IBGE realizará em 2022 nos permitirá conhecer em detalhe como é e como vive o nosso povo, sendo de extrema importância para o governo e para a sociedade. Os resultados obtidos através da realização do Censo Demográfico permitem traçar um retrato abrangente e fiel do País.
O Censo Demográfico produz informações atualizadas e precisas, que são fundamentais para o desenvolvimento e implementação de políticas públicas e para a realização de investimentos, tanto do governo quanto da iniciativa privada. Além disso, uma sociedade que conhece a si mesma pode executar, com eficácia, ações imediatas e planejar com segurança o seu futuro.
Retratar o Brasil que está entrando numa nova década é um desafio para o IBGE. Qual é o tamanho da população brasileira? Em que condições vive? Como se distribui no Território Nacional? Qual é o nível de escolaridade de nossas crianças e jovens? Quais as condições de emprego e renda da população? Estas e muitas outras perguntas serão respondidas pelo Censo Demográfico que o IBGE realizará em 2022. (“Conhecendo o Brasil”, disponível em https://censo2022.ibge.gov.br/sobre/conhecendo-o-brasil.html – acessado em 16/08/2021)
Já preparando algumas questões que nos permitirão comparar as mudanças entre o Censo Demográfico do ano 2000 com os resultados de Censo de 2022, divulgamos duas condições de longevidade nas Regiões Administrativas (Conjunto de Bairros) no ano 2000, utilizando duas funções de longevidade:
1 – Percentagem de pessoas que sobrevivem até os 60 anos (PS60) e
2 – Expectativa de Vida aos 60 anos(E60).
RESULTADOS
GRÁFICO 1 – Probabilidade de sobreviver até os sessenta anos (%) por
Região Administrativa do Município do Rio de Janeiro. – Censo Demográfico 2000.
Cortes das categorias: 1 – mais de 88% = VERDE; 2 – de 88 a 80% = AMARELO; 3 – menos de 80% a 75% = ROSA; 4 – menos de 75% = VERMELHO
GRÁFICO 2 – Expectativa de vida os sessenta anos por
Região Administrativa do Município do Rio de Janeiro – Censo Demográfico 2000.
Cortes das categorias: 1 – mais de 21 anos = VERDE; 2 – de 21 anos a 20 anos = AMARELO;
3 – de 19 a 18 anos = VERMELHO; 4 – 17 anos = ROSA.
BAIRROS DAS REGIÕES ADMINISTRATIVAS DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO
R.A. LAGOA – Área de abrangência: Gávea, Ipanema, Jardim Botânico, Lagoa, Leblon, São Conrado, Vidigal
R.A. BOTAFOGO – Área de abrangência: Botafogo, Catete, Cosme Velho, Flamengo, Glória, Humaitá, Laranjeiras, Urca
R.A. TIJUCA – Área de abrangência: Tijuca, Praça da Bandeira, Alto da Boa Vista
R.A. VILA ISABEL – Área de abrangência: Vila Isabel, Andaraí,Grajaú, Maracanã
R.A. COMPLEXO DA MARÉ – Área de abrangência: Maré
R.A. ROCINHA – Área de abrangência: Rocinha
R.A. JACAREZINHO – Área de abrangência: Jacarezinho
R.A. COMPLEXO DO ALEMÃO – Área de abrangência: Complexo do Alemão
É bem nítida a diferença na longevidade entre as populações residentes em bairros onde as condições de vida são melhores (Lagoa) e a população favelada, com o extremo de viver 5 anos a menos, após os 60 anos, da população do Complexo do Alemão.
Também a nítida desigualdade pode ser observada na população que chega aos 60 anos: enquanto 90% da população residente na Região Administrativa da Lagoa completa 60 anos, no Complexo do Alemão apenas 70% chega a essa idade, ou seja, 30% morre antes de completar 60 anos, provavelmente sem chance de aproveitar uma aposentadoria tranqüila após trabalhar muito tempo como recompensa pelo trabalho realizado.
Após os Governos de Lula e da Dilma era de se esperar que o censo demográfico de 2022 mostrasse uma redução cada vez maior das desigualdades nas condiçõtoes socioeconômicas da população.
Entretanto é bastante provável que essa esperança não se concretizará tão cedo, e seus resultados desastrosos da política social e econômica após os golpes na Democracia dos governos Temer só serão conhecidos após as eleições do ano que vem.
Neste momento em que o Brasil vivencia um aprofundamento das crises econômica, social e sanitária e o pior cenário de pandemia, o governo federal tem ampliado o desmonte das políticas públicas assistenciais e diminuído o papel do Estado na vida dos brasileiros.
A assistência social, reconhecida como política pública pela Constituição de 1988 e regulamentada pela Lei Orgânica de Assistência Social (Loas) de 1993, faz parte do pilar da proteção social brasileira. São diversos serviços, ações e benefícios ofertados por meio dela à população de baixa renda, que vive em condições de vulnerabilidade, tanto social quanto econômica.
O principal programa que integra essas políticas é o Bolsa Família, criado em 2003. Ele configura-se como um importante instrumento de proteção social de transferência de renda, cujo papel é auxiliar na redução da fome, da pobreza, da desnutrição infantil e da desigualdade social.
Juntou-se a ele, durante a pandemia de Covid-19, como uma política assistencial eventual, o Auxílio Emergencial, com o objetivo de amenizar os efeitos da pandemia aos trabalhadores. Ambos, somados, atendem milhões de pessoas, podendo ter impactos positivos e servindo de suporte financeiro para famílias em situação de pobreza ou extrema pobreza, que sobrevivem precariamente. Somente o Auxílio Emergencial alcança, direta e indiretamente, 126,5 milhões de brasileiros, o que representa 60% da população, enquanto que o Bolsa Família atinge mais de 14 milhões.
Esses programas deveriam ocupar um espaço de extrema relevância em um país como o Brasil, particularmente em momentos de crise como este. Entretanto, o governo federal os tem colocado como alvos de uma política de desmonte que atravessa os serviços públicos como um todo, assim como as políticas sociais
O desgaste das políticas de assistência ampliou-se assim que Bolsonaro tomou posse como presidente da República. Em 2019, uma Portaria do Ministério da Cidadania resultou em cortes nas verbas federais repassadas para esses serviços. As remessas em localidades com menos recursos chegaram a ser 40% menores que as anteriores. O corte ocorreu no momento de enxugamento do principal programa social do país, o Bolsa Família. Naquele ano, cerca de 500 mil famílias estavam na fila de espera do benefício.
(Governo amplia desmonte das políticas públicas de assistência social, 14/04/2021. URL http://www.adufpel.org.br/site/noticias/governo-amplia-desmonte-das-polticas-pblicas-de-assistncia-social . Acessado em 16/08/2021)
ANEXO: EXEMPLO DE TÁBUAS DE VIDA COM DEFINIÇÃO DAS FUNÇÕES PARA ENTENDÊ-LAS MELHOR
BRASIL: Tábua Completa de Mortalidade – Mulheres – 2019
(Conclusão) | ||||||
Idades | Probabilidades de Morte | Óbitos | l ( X ) | L (X, N) | T(X) | Expectativa de Vida |
Exatas | entre Duas Idades Exatas | D (X, N) | à Idade X | |||
(X) | Q (X, N) (Por Mil) | E(X) | ||||
73 | 23,937 | 1809 | 75580 | 74676 | 1106802 | 14,6 |
74 | 26,337 | 1943 | 73771 | 72800 | 1032127 | 14,0 |
75 | 28,916 | 2077 | 71828 | 70790 | 959327 | 13,4 |
76 | 31,697 | 2211 | 69751 | 68646 | 888537 | 12,7 |
77 | 34,777 | 2349 | 67540 | 66366 | 819891 | 12,1 |
78 | 38,212 | 2491 | 65192 | 63946 | 753525 | 11,6 |
79 | 42,008 | 2634 | 62700 | 61384 | 689579 | 11,0 |
80 ou mais | 1000,000 | 60067 | 60067 | 628196 | 628196 | 10,5 |
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas (DPE), Coordenação de População e Indicadores Sociais | ||||||
Notas: |
N = 1 | ||||||
Q(X, N) = Probabilidades de morte entre as idades exatas X e X+N. | ||||||
l(X) = Número de sobreviventes à idade exata X. | ||||||
D(X, N) = Número de óbitos ocorridos entre as idades X e X+N. | ||||||
L(X, N) = Número de pessoas-anos vividos entre as idades X e X+N. | ||||||
T(X) = Número de pessoas-anos vividos a partir da idade X. | ||||||
E(X) = Expectativa de vida à idade X. |