Os doze trabalhos de Héracles – uma visão astrológica I

Os doze trabalhos de Héracles – uma visão astrológica I

A Jornada do Herói

A “Jornada do Herói” é um conceito de vivência cíclica presente em mitos, de acordo com o antropólogo Joseph Campbell. Esta ideia explica sua ubiquidade por meio de uma mescla entre o conceito junguiano de arquétipos, forças inconscientes da concepção freudiana e a estruturação dos ritos de passagem por Arnold van Gennep.

A jornada está dividida em três seções: Partida ou Separação, Iniciação e Retorno. A Partida lida com o herói aspirando à sua jornada; a Iniciação contém as várias aventuras do herói ao longo de seu caminho e o Retorno é o momento em que o herói volta a casa com o conhecimento que adquiriu ao longo da trajetória.

Os doze trabalhos de Héracles podem ser considerados como uma jornada do herói grego em busca de sua redenção. Nos faz lembrar do mito do Ouroborus, a serpente que morde a própria cauda, indicando que o encerramento de um ciclo é o início de um outro em uma escala mais elevada.

Ouroborus, Atalanta Fugiens, Michael Maier, 1617

O mito

Anfitrião havia sido banido de Micenas e se refugiou em Tebas.  Alcmena, filha de  Electrião, pediu para que Anfitrião se vingasse dos filhos de Ptérela, rei de Tafos, que haviam matado seus irmãos, como condição para que ele se casasse com ela.

Durante a ausência de Anfitrião, Zeus assumiu a aparência dele, chegando à noite em Tebas, contando detalhes de como havia matado os ptérelidas e em seguida deitou-se com Alcmena.

Quando Anfitrião chegou contando as mesmas histórias, Alcmena ficou perturbada.  Desconfiado, Anfitrião foi consultar Tirésias, que lhe informou que Zeus havia engravidado sua esposa.

Ele tentou matá-la, arrastando-a para uma fogueira, mas Zeus, onisciente, mandou uma chuva providencial, salvando Alcmena.  Diante disso, Anfitrião perdoa Alcmena, que gerou dois filhos de seus dois parceiros: Alcides, fruto de seu encontro com Zeus e Íficles, filho do mortal.

Quando eles tinham oito meses de idade, Hera, a ciumenta esposa de Zeus colocou duas serpentes em seu berço para matá-lo, mas Alcides as estrangulou com suas mãos.

Hercules strangling the snakes before the eyes of Amphitryon and Alcmene, Fresco from the exedra of House of the Vettii in Pompeii, 60-79

A educação dos primeiros anos de Alcides seguiu o modelo tradicional da criança grega da época. Depois foi enviado ao centauro Quiron, que a aprimorou ensinando as artes da hípica, da guerra e da caça.

Certa vez, passando por Tebas, fica sabendo de um pesadíssimo tributo de cem bois que a cidade pagava a Ergino, rei de Orcômeno. Ele se revolta com a situação e incita o povo tebano a guerra. Trava-se uma batalha onde as forças tebanas com a ajuda de Alcides saem vencedoras.

Como recompensa a seus atos, o rei Creonte de Tebas concede a mão de sua filha Mégara, sendo que desta união nascem três filhos.

Mas Hera mais uma vez resolveu perseguir o nosso herói. Envia-lhe Lyssa, a Raiva, que o arrebata fazendo com que matasse Mégara e seus próprios filhos.

Hercules firing arrows at his children, Antonio Canova, 1799

Transtornado, ele tenta o suicídio, mas é demovido por seus amigos. Resolve ir até Delfos para ouvir o que Apolo, através da Pítonisa lhe diria. Ela diz que ele deveria se colocar à disposição de Euristeu, seu primo, rei de Micenas, por doze anos.

Nesta ocasião Alcides passou a se chamar Héracles, que significa a glória de Hera, numa tentativa de apaziguá-la.

Os deuses o presentearam para que ele pudesse enfrentar os novos desafios. De Palas Athena recebeu uma túnica, de Poseidon cavalos, de Hefesto um peitoral dourado para proteger seu nobre coração, de Hermes uma espada, de Hélios uma biga e de Apolo o arco e as flechas.

Héracles agradeceu todos os presentes, mas os deixou guardados em um bosque perto de Argos. Desse mesmo bosque retirou um tronco de oliveira selvagem do qual fez uma clava, que se tornou sua arma predileta.

The Giant Hercules, Hendrick Goltzius, 1589

Euristeu era como Héracles um perseida, descendente de Perseu. Entretanto, ele temia que nosso herói tomasse o poder, então decretou tarefas dificílimas para ele executar.

Sabemos que foram ao todo doze trabalhos executados por nosso herói nestes doze anos e isto nos remete às doze constelações do Zodíaco para verificar se existe uma relação entre as tarefas e os signos.

A correspondência

A ordem dos trabalhos mais conhecida é a encontrada em Pseudo-Apolodoro, autor da “Biblioteca”, um apanhado de textos sobre mitologia grega, obra anteriormente atribuída a Apolodoro de Atenas, mas ele tenta estabelecer uma ordem cronológica dos eventos.

Porém, aqui vamos trabalhar em uma visão astrológica dos trabalhos, buscando uma analogia entre o ciclo zodiacal e a jornada de nosso herói em busca da redenção de seu crime hediondo.

Encontramos diversos artigos de autores que fizeram esta correlação, dentre os quais o de Ilza Brazil Fiuza na Antologia Astrológica organizada pelo saudoso Hélio Amorim.  Outra visão é a do querido mestre Cid Marcus Vasques em seu blog.

Entretanto vamos tentar passar para vocês a nossa tese particular que poderá ser apreciada nos próximos artigos.

Douglas Marnei




Outros artigos interessantes deste mesmo autor:

Deixe seu like e siga nossa Rede Social:
0

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *