Transcendência & Transgressões

Transcendência & Transgressões>> Quando se rompem os limites simbolizados por Saturno

Um homem cria uma equação para explicar sua vida,
Um dia ele descobre que a equação não explica nada, porque ele é
O resultado da equação, e não a equação.
Toninho Mendes

O raciocínio astrológico se origina de uma situação relativamente simples, que é a observação concreta da natureza, partindo-se do princípio que o que vemos fora de nós existe também dentro de nós.

Quando observamos o dia e a noite se relacionando dinamicamente, se fundindo e alternando, percebemos que essa relação dinâmica existe também interiormente nos seres vivos; só mudamos o nome para consciente e inconsciente e transportamos para o plano da psique e do comportamento.

É apoiados nessa relação visual e imediata que atribuímos significados aos planetas e às relações cíclicas entre os referenciais celestes e as situações terrestres.

O Sol, por exemplo, simboliza o dia, o consciente; já a Lua simboliza a noite, e por analogia, o inconsciente.

Transcendência & Transgressões – Saturno

Saturno representa os limites, pelo simples motivo de ser o último planeta visível a olho nu, e podemos considerar que, de um modo geral, o ser humano apenas se permite ir até onde alcança sua visão.

O que está além dela é considerado sonho, ideal, delírio, “coisa” espiritual, transcendental, etc. A grande fronteira para o homem passa a ser, dentro desse modelo, o alcance do olhar.

Sabemos que existem três planetas conhecidos além dos limites determinados por Saturno: Urano, Netuno e Plutão, chamados por isso de “transaturninos”, e que representam justamente as qualidades naturais que se encontram além da estrutura formal e conhecida de Saturno, como os poderes paranormais e a capacidade de auto-cura, entre outras qualidades tão veneradas pelos cultores da “Nova Era”.

Transcendência & Transgressões – Urano, Netuno e Plutão

Esses planetas simbolizam também as qualidades negativas de quem quebrou as barreiras da estrutura, as aberrações, distorções e anomalias de quem perdeu a noção dos limites e os rompeu de uma forma inadequada.

O Ascendente, como se sabe, é o ponto inicial, gerador de todas as circunstâncias do horóscopo, onde o fim e o começo se encontram, onde a grande serpente morde a própria cauda.

O Ascendente representa a vocação fundamental, a forma e os conteúdos básicos do indivíduo, o veículo a ser utilizado no desenvolvimento e na execução do projeto de vida de cada um.

A partir disso, podemos concluir que qualquer configuração ligada ao Ascendente (ou à Casa 1) interfere diretamente nas direções que a pessoa segue na vida, na orientação de sua existência e nas experiências formadoras do caráter e da personalidade.

Transcendência & Transgressões – Transaturninos

Quando os planetas transaturninos ou os signos que são regidos por eles fazem qualquer contato com o Ascendente, parece que, no projeto de vida dessa pessoa estão implícitas algumas ligações com a realidade invisível, com experiências que estão além de Saturno, além da estrutura social como a conhecemos. As experiências transcendentes se intensificam.

Todos temos Urano, Netuno e Plutão em alguma posição em nosso mapa natal, como também temos em alguma Casa Terrestre os signos por eles representados – Aquário, Peixes e Escorpião – e isso significa que todos nós estamos naturalmente aptos a vivenciar e projetar, em alguma área de nossas vidas, os significados desses símbolos.

Mas quando estes representantes do mundo invisível, da realidade que existe além da percepção formal, estão em contato com o Ascendente, eles impõem uma condição de superação dos limites saturninos ao nosso projeto de vida, e isso interfere com a formação de nossa personalidade e com os caminhos que, consciente ou inconscientemente, escolhemos seguir.

Vamos considerar que todos temos um potencial para superar os limites das estruturas, pessoais e sociais, tanto quanto temos os representantes das possibilidades transaturninas em algum lugar de nosso mapa natal.

Os planetas e as possibilidades de evolução não terminam em Saturno, essa é a organização cósmica e a organização interna apresentada pelo referencial da natureza. Vamos considerar também que, proporcionalmente à intensidade e freqüência da relação desses planetas com a “questão Um” (Ascendente, Casa 1, planetas ali presentes, regentes dos signos Ascendente e da Casa 1) advém o potencial para transgredir ou transcender os limites representados por Saturno.

Podemos estabelecer e definir algumas regras de avaliação e ponderação do potencial de transgredir e transcender os limites, a partir de elementos básicos da interpretação astrológica.

Essas regras são meras conjecturas e podem ser questionadas e atualizadas, como qualquer outra regra astrológica; portanto, não são definitivas e nem representam qualquer lei.

Existe uma hierarquia e uma lógica entre elas que se baseia nos princípios clássicos de interpretação, especialmente na “teoria das determinações”, conforme foi elaborado por Morin de Villefrance e, por isso, o estado cósmico e a natureza dos planetas envolvidos devem ser sempre considerados.

Os valores atribuídos são arbitrários e primários, baseados na observação e no bom senso e não servem para simplesmente rotular uma pessoa e inseri-la em um julgamento.

Transcendência & Transgressões – O ser humano é imprevisível

O ser humano é basicamente imprevisível, está em constante processo de mutação e evolução, e quando o equacionamos e transformamos em um número ou outra medida convencional qualquer, temos que tomar o cuidado de não esquecer que um espírito não pode ser delimitado dessa forma, ao fazer isso estaremos submetendo nossa avaliação e o próprio indivíduo analisado aos limites de Saturno através de uma fórmula apequenadora, e com isso, invalidando as percepções que poderíamos ter e que poderiam acrescentar algo ao conhecimento de si.

Estaremos oferecendo mais limites em vez de alternativas para superar os limites.

A finalidade desses números é tentar compreender em que nível os símbolos estão se manifestando através do comportamento da pessoa.

Como ela está reagindo aos indicadores, adaptar uma informação infinitamente ampla e superior aos limites de nossa compreensão, oferecer um ponto de partida para um raciocínio e uma intimidade maior com os potenciais apresentados pelo mapa.

Um auxílio à compreensão da origem de certos comportamentos que em princípio podem parecer atípicos ou exóticos, e a partir dessa compreensão, inicia-se a busca de atitudes mais coerentes, gestos que conduzam o indivíduo a utilizar de maneira clara e mais objetiva os recursos que estão ao seu dispor e que são mostrados pelo mapa natal.

Vamos à formula sugerida, mas lembrem-se de procurar não ficar presos à formula, tentar compreender isso pelo sentimento que o uso da razão pura será uma forma de nos limitarmos apenas.

Transcendência & Transgressões – Balizando suas influências e potenciais

1- Urano, Netuno ou Plutão presentes no Ascendente ou na Casa 1: acrescentar 1 ponto para cada um.
2- Urano, Netuno ou Plutão em conjunção com o grau do ascendente (orbe de 4 graus): acrescentar + 0,5 pt. para cada.

3- Urano, Netuno ou Plutão “dispondo” do Ascendente (Regendo o signo onde se encontra o Ascendente): + 1pt.

4- Urano, Netuno ou Plutão regendo o signo da Casa 1, mas não o Ascendente: + 0,5 pt.

5- Urano, Netuno ou Plutão nas demais casas angulares (4, 7 e 10): + 1pt.

6- Urano, Netuno ou Plutão em conjunção com o Regente do Ascendente, com o Sol ou com a Lua (orbe de 4 graus): +1pt.

7- Urano, Netuno ou Plutão em aspecto maior (trígono, quadratura, oposição, com orbe de no máximo 4 graus) com o Regente do Ascendente, o Sol, a Lua ou o grau do Ascendente: +0,5 pt.

8- Urano, Netuno ou Plutão dispondo (regendo) o planeta regente do ascendente, o Sol ou a Lua: + 0,5 pt.

Bem, alguns pontos todos vamos encontrar em nossos mapas. O objetivo desse raciocínio é fazer com que caminhemos através do horóscopo, e o símbolo irá se manifestar em nossa psique.

A astrologia tem uma lógica que não funciona de maneira mecanicista, e talvez nos surpreendamos com as conclusões e percepções que tenhamos dos mapas que analisaremos com essa metodologia.

Muitas vezes um horóscopo com pouquíssimos pontos pertence a um indivíduo que tem como marca registrada transgredir todas as regras.

Outras vezes, encontraremos em um horóscopo com alta pontuação, uma pessoa bem comportada e aparentemente “normal”.

Então, para que serve tudo isso se não podemos obter resultados “práticos” e mecânicos da equação? Serve para mostrar que o ser humano não é uma máquina, que o ser humano não é um objeto previsível e manipulável. Serve para termos um caminho para entrarmos com maior intensidade e intimidade no horóscopo.

Serve para nos divertirmos um pouco e termos um ponto de partida quando experimentamos conhecer os significados dos símbolos. Já é bastante coisa!

Nos casos em que encontremos pessoas com pouquíssimos indicadores de transgressão e transcendência, e que sabemos serem pessoas absolutamente transgressoras ou “transcendentais”, temos que ver se o comportamento atípico dessas pessoas é autentico, é de sua natureza ou é apenas uma reação pueril a um mundo ao qual não conseguem se integrar, ou talvez um personagem criado artificialmente para parecer diferente e obter admiração, aceitação e prestígio junto a algum grupo social que lhe interesse.

Trabalhando o mapa com alguma metodologia que nos referencie, começa a ficar mais difícil sermos iludidos por esses personagens forjados e cheios de estilo que existem em abundância em nossa sociedade.

Outras vezes, podemos compreender que, em um mapa com alto índice de transcendência e transgressão, ou seja, uma relação muito intensa com os planetas transaturninos, estão as respostas para uma vida complicada, um comportamento ansioso e neurótico em excesso, especialmente quando a pessoa reprime seus talentos e sua necessidade natural de superar limites para se sentir aceita e amada como uma pessoa normal e não ameaçadora.

É curioso como a astrologia é poética. Mesmo quando tentamos estabelecer parâmetros rígidos e formais para a análise do horóscopo, encontramos tantas variáveis que os tais parâmetros só podem servir como estímulo ao raciocínio ou à abertura do coração para que possamos compreender o mapa que estamos estudando, e isso é mais eficiente e rico se esse mapa for nosso próprio mapa.

Dez/2001



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