O arquétipo feminino e a culpa

O arquétipo feminino e a culpa>> A sensação de culpa é uma sutil camada que permeia as massas sociais.

A cultura da culpa é uma tentativa de aprisionamento do Ser.

O dispositivo de ação desse mecanismo ocorre no corpo, na sexualidade, na força religiosa cristã.

Porquanto, essa tríade corpo/sexo/fé quando não se enquadra nos moldes do status quo, e se permite a expressão de sua inteireza e criatividade em deleites e alegrias, eis que de longe, como num sussurro vem a culpa.

Ademais, instalando-se na mente, tanto o pecado, quanto obscurecendo o espírito; consequentemente, a prisão, e seu ato final, a condenação da alma.

O arquétipo feminino e a culpa

O arquétipo feminino e a culpa
O arquétipo feminino e a culpa

 

Essas características são simbólicas e apreendidas por todos, seja na luz da consciência ou na sombra da mente.

Na literatura mítica, a culpa emerge do elemento feminino.

Certamente, para os gregos, Pandora foi a primeira mulher, criada por Zeus, como castigo para o crime de Prometeu, que roubou o fogo dos deuses e entregou-o aos homens.

Assim, portava uma caixa que continham todos os males do mundo, e que era presente de Zeus para Prometeu.

Pandora não tinha permissão para abrir a caixa e esta não chegou às mãos de Prometeu, porque ele não aceitou mais nada dos deuses, já havia conquistado o fogo!

Restou Pandora, recém criada com sua caixinha em mãos.

Tomada pela curiosidade abriu-a e espalhou por toda a face da terra os castigos e males que estavam dentro da caixa, porém, na caixa também estava a esperança e ela não saiu.
Conquanto, a esperança ficou sozinha na caixa de Pandora.

O arquétipo feminino e a culpa – a esperança nas mãos de Pandora

Por trás de toda maldade restou um enigma, ter ou não esperança?

Culturalmente a culpa dos males recai sobre Pandora, diferente da responsabilidade de Prometeu ao roubar o fogo sagrado.

Primeiro houve um roubo, afinal, um ato de coragem assim como de afronta. Porém, depois o castigo, a caixa de Pandora, decerto, com a culpa.

São notórias as qualidades que se expressam nos elementos masculino e feminino. Enquanto que em Prometeu as falhas são solares, as falhas de Pandora, são lunares.

Tanto para os hebreus, como para os judeus e ainda cristãos, Lilith foi a primeira mulher

Adão era seu companheiro, e ambos tinham uma relação de iguais.

Porém, dizem os textos, que na hora do sexo Adão não queria Lilith por cima, mas ela queria!

E que por uma luta de poder envolvendo a sexualidade de ambos, essa relação paritária acaba.

Não houve acordo e tampouco a submissão de Lilith.

Outrossim, ela abandona Adão e vai viver bem longe do Paraíso, amando os demônios e com eles povoando a Terra.

O arquétipo feminino e a culpa – a interferência de Javé

Deus intercede por Adão e manda um anjo falar com Lilith, na intenção de que ela volte para Adão.

Porém, ela não aceita e segue seu caminho e jornada já iniciados.

Deus ¨como um bom pai¨, faz Eva para Adão não sofrer por solidão.

O arquétipo feminino e a culpa – Eva, um pedaço de Adão

Eva, a da costela é submissa, mas nem tanto.

Quando é tentada por uma serpente para comer do fruto proibido ela ainda por cima tenta Adão a pecar com ela!

E ele peca!

Entretanto, só sobre ela recai a a culpa, e a humanidade cai.

Com referencia nesses mitos notamos a relação culpa-feminino.

E atualmente segue a referencia, não à toa o feminismo está crescendo enquanto debate teórico de maior amplitude social e ainda, também enquanto ação organizada de coletivos de interesse comum – a igualdade dos gêneros.

E indo num aspecto mais difuso o feminismo ao meu entendimento, retira um pouco do peso arcaico da culpa feminina, trazendo à tona a questão da responsabilidade.

Culpa é estigma; responsabilidade é atitude social

Aos arquétipos masculinos desses mitos não percebemos vestígios de culpa.

Antes sim, uma relação de querer dominar o feminino, evitando a todo custo a livre expressão da força feminina, pois nela contém o que não se domina, não se conhece, não se controla, e quando a tentativa é contrária, surge a culpa,

O arquétipo feminino e a culpa

Culpa necessária dentro da desconexão, por isso é uma energia/emoção que drena a criação e a alegria de viver.

Quando tomados pela culpa achamos que a felicidade não nos pertence.

A culpa é paternalista, infantiliza o culpado, castrando-o emocionalmente.
Portanto, é uma energia paralisada, oca e sufocante, que se mantém pelo medo da responsabilidade do encontro inevitável com a Lilith, Eva e Pandora antes da culpa.

Ela surge derivada na forma selvagem, com a inteireza de seus “desvios” que levaram à construção da culpa.

O arquétipo feminino e a culpa em suas manifestações astrológicas

Analogamente, na astrologia, a Lua, Vênus e Lilith são as principais energias femininas do mapa.

A Lua é mais emotiva, senhora dos sonhos, das memórias, dos afetos, das árvores da infância, do gosto do primeiro beijo.

Entretanto, também da vergonha, do bullyng enfrentado na escola ou na família, é o drama de não ser aceito e querido e é o conforto de ser abraçado.

Enquanto que Vênus é a necessidade do prazer, a sensualidade de existir em um corpo, o amor que seduz até consumar-se no sexo, é a beleza.

Quanto à Lilith, é a própria culpa e fracasso do que não pode ser expressado sem um grande impacto e por vergonha se transforma em sombra.

Portanto, Lilith é uma incrível capacidade de superação, é liberdade selvagem sem reservas.

Então, podemos observar os aspectos, signos e casas que acompanham esses planetas no mapa astral e refletir sobre o quão culpado me sinto.

Vênus em aspecto com Saturno, mostra uma necessidade de controle nos relacionamentos, de falta de espontaneidade.

Em assim sendo, Vênus não vive sua expressão amorosa como gostaria, pois é limitada por Saturno, e se a culpa se instalar por não viver a vida amorosa como gostaria, nada vai resolver, só haverá mais pesar, e pra sair dessa?
Primeiramente, uma opção é responsabilizando-se como Saturno, exige, mas abrindo espaço-tempo (Saturno) para os prazeres e amores (Vênus).

Se a ligação for da Lua com Mercúrio, poderá trazer uma necessidade vital de intelectualizar as emoções e isso pode deixar a expressão emocional fria, porém rápida e vivaz, mas a Lua é cálida…

Daí já se abre uma brecha para a instalação da culpa.

Como transcender a culpa?

Com humor, alegria, nesse exemplo.

Mercúrio com sua inteligência lógica sabe que é melhor responsabilizar-se do que culpar-se, ao se permitir brincar, se demorar num aconchego, e a Lua se não se irritar com a rapidez da lógica, mas poder se encantar com as viagens mentais, pelos reinos da criação, deixar a expressão da arte sair e sentir.

A mudança do paradigma século/culpar é a responsabilidade com amor, pois estamos falando do feminino, são gerações de Vênus, Luas, Liliths, Evas e Pandoras que precisam parar de carregar as culpas pelas escolhas dos homens, desde Adão, Jeová e Zeus.
Escrito e publicado originalmente em 30 de maio de 2017.

Imagem interna Pandora, óleo sobre tela,John William Waterhouse, 1896
Crédito de imagem destacada : Tree of Life and Death, a medieval manuscript illumination by Berthold Furtmeyer, from Archbishop of Salzburg’s missal, 1481




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Fabiane Marques

Astróloga e Historiadora, dançarina e poeta, vai entre os encontros da mente e da expressão, extraindo dos símbolos as conexões entre o existir e o sentir. No passo dos dias atendendo aos comandos do coração para fazer da vida a arte, da escrita a profissão, da dança o caminho, e da poesia a ação. Nada mais, nada a menos para Sol, Lua, Mercúrio e Ascendente em Gêmeos e uma Vênus em Touro, para o ar aterrissar. Contato: famarquescxs@hotmail.com Visite: http://trigonosastrais.blogspot.com/ http://fantasiasdoreal.blogspot.com/ Fabiane Marques

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