Vênus: entre a culpa, a violência e a mercadoria
Vênus: entre a culpa, a violência e a mercadoria
Alguns pontos que envolvem rizomas culturais de Vênus:
Lascívia – prazer – luxúria – culto ao corpo – hedonismo – pornografia – fetiches e etc.
Cada segmento dessa conjuntura astro-histórica de que Vênus representa está imersa nas relações capitalísticas e para além dos sentidos de prazer e bem viver que Vênus representa na tradição astrológica, temos seus contrapontos que por vezes beiram margens sociais, patologias criadas e desejos de consumo construídas nas subjetividades.
Das possibilidades da expressão-desejo sexual de Vênus encontramos por exemplo:
vontade de prazer, de reconhecimento, de jogos e tantos outros artifícios de amar.
No entanto, enquanto a “Vênus Social”, ainda permanecer estarrecida com a sua nudez, seu corpo e contornos, que muitas vezes saem do padrão estético ideal, ou castigada pela culpa de seus desejos eróticos, tenderá a haver repressões, inibições, frigidez, impotências, violências e imposições que pressionam nossas vontades para sermos aceitas.
Isso pode gerar sofrimentos diversos, doenças e um mal estar da e na própria pele, mas também é fonte de lucro do capitalismo patriarcal, vide o mercado da moda e estética, indústria farmacêutica, mercado pornográfico e afins.
Afinal são séculos de fardos criados no seio da Igreja, do Estado, para regular as sexualidades dos diferentes povos e normatizar a heterossexualidade.
São prejudicadas principalmente as mulheres cis, mulheres trans, pessoas não binárias e outras que se reconhecem de forma ímpar e exercem seus desejos de forma divergente ao status quo.
Os números de feminicídio, estupros e todas as violências de iniciativa sexual, e as vezes sexual/”afetiva”, nos garantem o teor patológico social no qual nos encontramos, por vivermos em um sistema patriarcal/capital/heteronormativo.
Os vetores economia-propaganda, repressão-desejo, são domínios de Vênus.
Vênus rege o dinheiro, as posses, o prazer, a diplomacia, Vênus gosta do que é bom!
Mas ao implantar a noção de culpa nas gentes, esses valores venusianos são distorcidos, e os desejos são fabricados.
A linha de montagem limita a expressão desejante da alma no corpo, e tenta impor mercadorias que supram essa necessidade de querer o melhor, o que é bom e gostoso da vida.
E o que é o melhor pra vocês pode passar longe do que é o melhor para mim.
Neste ponto de desacordo astral, os presentes de Vênus se profanam, a pornografia vira ramo comercial, a pedofilia e o estupro são incentivados em diferentes produções para vender sexo.
O mercado da pornografia alimenta desejos, mas o fato é que este ramo comercial promove a cultura do estupro.
Vênus também é afetividade sexual e não à toa a maioria dos criminosos que agridem, estupram tem relações afetivas com suas vítimas.
Os avanços na educação em relação ao debate de Gênero e Sexualidades nas escolas estão sob ataque das frentes direitistas governamentais.
Isso é um retrocesso, e deixa mais brechas para os crimes sexuais ocorrerem nas crianças e adolescentes; mulheres cis, mulheres trans e pessoas não binárias.
As minorias pagam o preço pela repressão secular sexual, que “normatiza”.
O corpo nu feminino exalta o poder (natureza).
O corpo feminino massivamente erotizado pela mídia, é poder de mercado.
O corpo nu, quando não está à venda ou vendendo algo, escandaliza, é “balbúrdia” tsc tsc tsc.
O próprio corpo nu diante de si mesmo pode causar estranheza, asco, desejo intenso, volúpia, repulsa. Será que o pecado de Eva e Adão remonta em nossa (pós)modernidade efêmera?
Será que Afrodite com sua nudez nascida mulher das espumas do mar causaria assombro ao ser vista em qualquer praia da contemporaneidade?
Será?
