SERMÃO DA MONTANHA VI por Raul Branco

SERMÃO DA MONTANHA e as bem aventuranças
“Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça porque deles é o reino dos céus”.
Vários autores sugerem que esta bem-aventurança continua com o texto da próxima.
Como concordo com esta avaliação, vou fazer algumas apreciações das duas em conjunto.
Seriam então oito bem-aventuranças em seu total.

Sermão da montanha e os perseguidos

“Bem-aventurados sois quando vos injuriarem e vos perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por causa de Mim.
Alegrai-vos e regozijai-vos porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois foi assim que perseguiram os Profetas que vieram antes de vós.

Perseguição gera sofrimento.
Sofrimento em si não salva ninguém.
O que salva é a compreensão que o sofrimento pode propiciar.

Isto é muito importante.
Existe uma atitude quase masoquista com relação ao sofrimento em nossa tradição.
O sofrimento é um instrutor, mas não leva a nenhuma bem-aventurança.
As qualidades de coragem, perseverança e destemor por parte daqueles que sofrem perseguição por uma causa nobre, referidas na bem-aventurança como “por causa da justiça” e “por causa de mim” indicam que esses iluminados percebem que a verdade vale mais do que a sua vida passageira.

Então o auto-sacrifício e o destemor abrem as portas do reino

Quem busca a verdade vive de forma diferente das massas.
Todos nós percebemos que existem algumas pessoas que são, vamos dizer, diferentes, e quando as observamos com atenção, verificamos que elas têm um comportamento, uma ética, e certos ideais de vida que são bastante diferentes das massas.
Por isso mesmo, as massas têm uma certa desconfiança daqueles que são diferentes.

Há sempre uma pressão das massas para o conformismo

Aqueles que são diferentes são tratados com desconfiança e, muitas vezes, são perseguidos.
Foi isso que aconteceu com Jesus e com quase todas as grandes almas que procuram divulgar mensagens transformadoras.

Esses reformadores são invariavelmente considerados subversivos pelo regime vigente e, quase sempre, são perseguidos

Tendo concluído essas apreciações preliminares sobre as bem-aventuranças, vamos começar agora a examinar as instruções mais detalhadas.
Deve ficar claro, no entanto, que o tempo que dispomos só permite oferecer algumas apreciações superficiais que não refletem a profundidade e alcance dos ensinamentos do Mestre.
Os aforismos contidos nos 3 capítulos que integram o Sermão da Montanha oferecem uma imensa riqueza que poderia ser considerada e estudada muito mais longamente.
O objetivo dessa palestra é de estimular esta leitura atenta, essa meditação, esse aprofundamento do legado de Jesus.
Mais uma vez, Jesus dirige-se a seus discípulos e diz “Vós sois o sal da Terra.
Ora, se o sal se torna insosso, com o que o salgaremos?
Para nada mais serve se não para ser lançado fora e pisado pelos homens”.

Sermão da Montanha VI “Vós sois a luz do mundo

Não se deve esconder uma cidade situada sobre um monte, nem se acende uma lâmpada e se coloca debaixo do alqueire, mas no candelabro e assim ela brilha para todos os que estão na casa.
Brilhe do mesmo modo a vossa luz diante dos homens para que vendo as vossas boas obras eles glorifiquem o vosso Pai que está nos céus”.
À medida que estudamos a Bíblia, verificamos que a linguagem de Jesus é sempre forte e vívida.
Ele está sempre procurando evocar imagens que possam ser compreendidas por aqueles que ouviam a sua palavra.
Principalmente, naquele tempo.

Sermão da Montanha VI – a postura esperada dos discípulos

Jesus tendo indicado os grandes ideais do discipulado, passa a detalhar a postura esperada de seus discípulos.
Os discípulos de todos os tempos são referidos como o sal da terra e a luz do mundo.
Isso porque eles estão sintonizados com a sua essência última e essa é tratada por Jesus como sendo o sal que salga as massas, como sendo a luz que dissipa a escuridão.
Enquanto o desenvolvimento do discípulo continua, o sal conserva o seu sabor.
Porém, quando o homem externo perde ou renuncia o contato com o eu interior, o sal perde o seu sabor e, alegoricamente, para nada mais serve.
Vemos, portanto, que o discípulo é treinado a conhecer, por experiência direta, a manifestação da luz espiritual como o núcleo do seu ser.

Sermão da Montanha VI – Com isso passa a saber que ele é luz

Esse tipo de linguagem calava fundo nos seus discípulos, porque a maior parte deles já tinha desenvolvido a visão espiritual ao nível de, pelo menos, poder ver a sua luz interior.
Porque, como dissemos anteriormente, a iluminação ocorre em diferentes níveis.
E num dos primeiros níveis, o discípulo passa a perceber a sua essência interior como luz.
Jesus diz que não se pode esconder uma cidade situada sobre um monte.
A cidade refere-se à consciência do discípulo que, quando em estado elevado, ou seja, construída, edificada sobre um monte, não pode ser escondida.
Portanto, o discípulo que alcançou a iluminação deve, através do seu exemplo, fazer com que a sua luz brilhe para o benefício de toda a humanidade, glorificando desta forma, o Pai que está nos céus.




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