Mágoa – Caçadores de Mágoas II

Mágoa – Caçadores de Mágoas II

As três oitavas da mágoa

Lua, morada da mágoa

A Lua simboliza o primeiro grau, o mais completo e o que envolve maiores possibilidades quando se trata de guardar na memória o eterno “não vivido” que se converte na amargura da mágoa.

Estar magoado e deixar que o ressentimento nos possua sempre implica em alimentar lembranças, em se prender ao já acontecido, ou melhor, àquilo que gostaríamos que tivesse acontecido de um jeito e aconteceu como tinha que acontecer, gerando frustração, se transformando em mágoa, nos deixando ressentidos.

A fase lunar de nossa vida, a primeira infância, é quando desenvolvemos um padrão de importância pessoal, uma auto imagem que passamos a vida toda lutando para manter.

Personagem que tem uma expectativa de si mesmo e que pretende atender à expectativa dos outros para sentir-se protegido, aceito, amado.

Quando essa expectativa não é atendida, tanto de dentro para fora quanto de fora para dentro, surge a frustração

Consequentemente, a mágoa. como defesa e justificativa por aquilo que parece ser um fracasso da imagem construída

.

Existe dentro de nós uma criança, uma parte pura e limpa que conserva a integridade e autenticidade dos seres naturais, e que é devidamente constrangida e reprimida por elementos culturais para que essa parte de nós, aquela que é livre e íntegra, não queira ocupar seu espaço no mundo, não venha transgredir a ordem falida que se apresenta como o que é certo.

Essa criança que nos habita, o princípio da pureza possível, para se proteger das cobranças do mundo e não ser massacrada o tempo todo, cria couraças e padrões de comportamento artificiais para ela: o comportamento adulto e responsável que agrada a todos e que faz com que esse aspecto de nosso ser seja aceito sem grandes cobranças.

Astrologicamente esse arquétipo da criança que é tão fundamental para que possamos exercer algum tipo de liberdade, para que possamos aceitar o novo em nossas vidas, e é representado pela Lua.

Assim como a casa que ocupa, o signo, os aspectos envolvidos, a situação de seu planeta regente.

Além da liberdade representada pela criança e sua facilidade em aceitar novas situações, está a memória, o arquivo das impressões, dos sentimentos vividos, dos traumas, dos recursos utilizados pelos formadores da personalidade, pais, professores, adultos em geral, para domesticar a criança e torna-la uma pessoa aceitável, um adulto respeitável.

Essa criança tem inúmeros motivos para se sentir magoada, ferida, ofendida por lhe terem usurpado a liberdade e exigido um amadurecimento artificial e forçado, como uma planta de estufa, impedindo seu desenvolvimento natural, impedindo que ela seja ela mesma e passe a ser o que esperam dela.

Isso gera mágoa

Isso gera a pessoa que está sempre pronta a aceitar a vida como uma ofensa, uma agressão, um ato hostil que polui, que macula, que gera mágoa e cria o adulto ressentido.

Administrar essa mágoa, libertar-se dela, deixar de ser uma pessoa que carrega um estado de ressentimento constante com toda a realidade que percebe exige uma atitude enérgica: libertar a criança, permitir-se entrar em contato com essa criança e sentir-se livre e relativamente puro novamente.

Podemos antever o quanto será criticada e cobrada uma pessoa que permita a manifestação dessa criança interior, e o quanto é difícil conseguir isso, a tal ponto que é mais fácil muitas vezes escolher a mágoa e o ressentimento, pelo menos a gente pode ser visto como um igual entre iguais.

Todos ressentidos

Todos carregando no coração e nos ombros toneladas de mágoas infantis.

Todos tendo que assumir um comportamento de adolescente que nunca cresceu e que reivindica coisas absurdas de um mundo que ele acredita que não o aceita como é.

Na verdade, enquanto essa criança interior não for confrontada e aceita, a própria pessoa é que não se aceita como ela é.

É claro que tem que se sentir magoada, traída por si mesma, traída pela vida.




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