OS ENSINAMENTOS DE JESUS E A TRADIÇÃO ESOTÉRICA CRISTÃ III

OS ENSINAMENTOS DE JESUS E A TRADIÇÃO ESOTÉRICA CRISTÃ III

Raul Branco

Os movimentos religiosos e filosóficos no Brasil tiveram muito boa acolhida entre os cristãos insatisfeitos com a
postura ortodoxa de sua tradição.

Isso ocorre decerto, porque nesses movimentos ou tradições, o buscador encontra práticas espirituais sólidas e
doutrinas que não agridem a razão.

Por exemplo, as tradições budista e da ioga têm exercido grande atração sobre os buscadores ocidentais.

Ambas podem ser mais acertadamente consideradas como tradições filosóficas do que religiosas.

Dessa maneira, seus aspectos doutrinários são extremamente atraentes.
Englobando conceitos filosóficos e cosmológicos de abrangência e grandeza que fascinam, assim, os estudiosos livres de preconceitos.

Porém, o ponto que exerce maior atração parece ser a prática espiritual dessas tradições voltadas para a
libertação do sofrimento.

Dentre essas práticas destaca-se a meditação,

com todas suas modalidades e etapas.

Até mesmo alguns padres e monges cristãos, como Thomas Merton e William Johnston, depois de estudarem
o budismo, procuraram introduzir suas práticas meditativas nos meios cristãos.
Johnston, preocupado com o desinteresse crescente dos fieis pelas práticas devocionais tradicionais (rosário,
via sacra e novenas), e verificando a firmeza milenar das práticas budistas, tal como observou no Japão, desabafa:

“A velha contemplação cristã destinava-se a uma elite:

os franciscanos, os jesuítas, os dominicanos e as pessoas de bem.
Mas o pobre leigo, o cidadão de segunda classe, ficava com as contas de seu rosário.
De ora em diante, não é preciso que seja assim.
Assim como a liturgia ampliou-se para abranger a todos, também o mesmo pode dar-se com a contemplação.
O muro infame que separava o cristianismo popular do cristianismo monástico pode ser derrubado de forma
a que todos possamos ter as nossas visões, alcançar o nosso samadhi.”

A diferença radical de enfoque para a vida espiritual entre a tradição budista e a cristã pode ser aquilatada pela maneira como se denominam seus membros.

Os budistas geralmente se autodenominam “praticantes,”

no sentido de serem praticantes do dharma, do corpo de ensinamentos do Senhor Buda.

Os cristãos, por sua vez, são normalmente caracterizados como “fiéis,”

refletindo o fato de serem supostamente fiéis à sua crença no corpo doutrinário da Igreja.

Enquanto uns praticam os ensinamentos de seu mestre, outros simplesmente crêem passivamente nos
dogmas de sua crença, desconhecendo, em geral, os ensinamentos de seu Salvador.
Dentro desse contexto de crescente insatisfação com as práticas cristãs ortodoxas e a constatação de que
existem alternativas atraentes nas outras tradições, a apresentação das doutrinas e práticas espirituais do
lado interno da tradição cristã assume especial importância.

Felizmente, quando conseguimos desvelar os ensinamentos esotéricos de Jesus, verificamos que as práticas
do cristianismo primitivo nada deixam a desejar às outras tradições orientais tão em voga atualmente.
Este livro vem juntar-se a uma crescente literatura sobre o cristianismo primitivo e os aspectos esotéricos
da tradição cristã, enfatizando os métodos e práticas espirituais voltados para a transformação interior,
tão escondidos no passado.

Esses antigos ensinamentos abrangentes, profundos e eternamente atuais, levaram Agostinho, reputado como um dos baluartes da Igreja, a escrever há quinze séculos atrás:

“Esta que hoje chamamos de religião cristã existiu entre os antigos e existia desde o começo da raça humana
até que o Cristo se fez carne, tempo a partir do qual a verdadeira religião já existente começou a ser
denominada de cristianismo”

continua


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material originário do antigo site Meio do Céu - Claudia Araujo, hoje denominado Grupo Meio do Céu - Claudia Araujo e composto por diversos novos colunistas. Essa é uma maneira de preservar o material do antigo site, assim como homenagear aqueles que não mais escrevem no site e/ou não mais estão entre nós nesse plano da existência. Claudia Araujo

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