A árvore dos Dispositores – parte II
A árvore dos Dispositores
A árvore dos Dispositores é um diagrama auxiliar na interpretação do mapa astrológico que leva em conta a relação dos planetas regentes com os ocupantes dos signos, formando uma estrutura hierárquica com diretores, assessores e subalternos.
A árvore dos Dispositores é uma outra forma de relacionamento entre os planetas no mapa, diferente dos aspectos, que vem da palavra em latim “aspectum”, que significa observar, olhar.
Para definirmos o topo do diagrama na elaboração da árvore dos Dispositores deveremos considerar, nesta ordem:
- Planetas Domiciliados
- Mútua recepção
- Recepções múltiplas
É importante indicar o Regente do Ascendente para saber como a pessoa trata seu corpo.
Vamos verificar a importância das áreas do mapa ocupadas pelos planetas situados no topo do diagrama, bem como as dificuldades das áreas relativas aos da parte de baixo.
Para demonstrar a importância deste instrumento, vamos analisar o mapa de cinco cantoras famosas, examinando particularmente suas casas II, relativa à sua potência de voz, a casa V quanto a sua presença de palco e a casa X, referente a sua carreira.
Vamos examinar o mapa da segunda cantora:
Maria Cecilia Sofia Anna Kalogeropoulou, ou simplesmente Maria Callas nasceu em 3 de dezembro de 1923 as 6 horas em Nova York. Ela era filha de imigrantes gregos e devido a dificuldades econômicas teve que voltar para a Grécia aos 14 anos.
Dez anos depois estrearia na Arena de Verona, Itália, com a ópera “La Gioconda”, de Ponchielli. Em 1948 começou a despontar no cenário lírico com uma interpretação notável da protagonista da ópera “Norma”, de Bellini, em Florença. Nos anos 50, Callas começou a apresentar-se regularmente nas mais importantes casas de espetáculo dedicadas à ópera, tais como La Scala, Metropolitan e Covent Garden.
Em meados da década de 50, Maria Callas seguiu um intenso regime e em dois anos perdeu mais de trinta quilos, tornando-se um ícone da moda. Estes foram seus anos dourados.
Sua fama como cantora internacional, vinha acompanhada de ser considerada temperamental em virtude de seu perfeccionismo. Callas possuía uma voz poderosa com amplitude fora do comum, o que permitia à cantora abordar papéis desde o alcance do mezzo-soprano até o do soprano coloratura. Com domínio perfeito das técnicas do canto lírico, possuía um repertório incrivelmente versátil.
Ela entrou para a história da ópera por suas habilidades cênicas. Tinha a capacidade de alterar a “cor” da voz com o objetivo de expressar emoções, e explorar cada oportunidade de representar no palco as minúcias psicológicas de suas personagens.
Em 1959, rompeu um casamento de dez anos com seu empresário, Giovanni Battista Meneghini, muito mais velho do que ela. Manteve em seguida uma tórrida relação com o milionário grego Aristóteles Onassis, sendo que ela dizia que sua vida teria começado ao conhecê-lo, dedicando-se integralmente ao seu amado. Porém, o relacionamento não foi feliz.
Em consequência deste relacionamento, a cantora diminuiu consideravelmente suas participações em montagens de óperas completas, limitando sua carreira a recitais e noites de gala. Em 1964, encorajada pelo cineasta italiano Franco Zefirelli, volta aos palcos com “Tosca”, no Convent Garden, apresentação que entrou para a história do mundo operístico. Sua última apresentação em uma ópera completa foi como “Norma” em 1965 em Paris, mas devido às suas debilitadas condições vocais não aguentou ir até o fim.
Em 1968 Onassis anunciou seu casamento com Jacqueline Kennedy, viúva do ex-presidente dos Estados Unidos John F. Kennedy. Deprimida, Callas praticamente encerrou ali sua carreira.
No início dos anos 1970, passou a dedicar-se ao ensino de música na Juilliard School em Nova York. Em 1974, entretanto, retornou aos palcos para realizar uma série de concertos pela Europa, Estados Unidos e Extremo Oriente com grande sucesso de público, mas foi massacrada pela crítica especializada, pois a voz já não era a mesma.
Em 1975, Onassis, então casado com Jacqueline Kennedy, tem sérios problemas de saúde e morre. A partir daí ela passa a viver isolada do mundo no seu apartamento em Paris. Em 1977, Callas morre pouco antes de completar 54 anos em decorrência de um ataque cardíaco.
A vida da cantora lírica inspirou o jornalista Alfonso Signorini a criar o romance biográfico “Orgulhosa demais, frágil demais” em 2009. O livro mostra um retrato realista da diva melancólica que conheceu a glória e a solidão.
Callas tem o Sol em Sagitário, Lua em Virgem e Ascendente Escorpião.
Sua casa II está em Sagitário, com seu regente Júpiter domiciliado neste signo, fazendo com que sua expressão vocal fosse exuberante. Ela tinha ainda Vênus em Capricórnio na casa II em mútua recepção com Saturno em Libra na casa XI, o que proporcionava firmeza e elegância para sua voz.
Sua casa V inicia-se no signo de Aries, com seu regente Marte em Libra, fazendo com que no palco sua energia fosse suave e equilibrada.
A casa X tem sua cúspide no signo de Virgem, com seu regente Mercúrio em Sagitário na casa I, trazendo uma visão mais abrangente para sua carreira. A presença da Lua em Virgem nesta casa faz com que ela tivesse popularidade, mas com um critério de escolha de seu repertório muito meticuloso e exigente.
A árvore dos Dispositores de Maria Callas tem dois departamentos. No primeiro temos Júpiter domiciliado em Sagitário na casa I, com dois planetas a sua disposição, o Sol e Mercúrio.
Abaixo do Sol temos Netuno em Leão, que por sua vez tem Urano em Peixes. Abaixo de Mercúrio temos a Lua em Virgem, que por sua vez traz Plutão em Câncer.
No outro departamento temos a mútua recepção entre Saturno em Libra e Vênus em capricórnio. Esta tem ainda a sua disposição Marte em Libra.
No outro departamento temo a mútua recepção entre Saturno em Libra na casa XI e Vênus em Capricórnio na casa II, fazendo com que ela tivesse uma projeção nos meios sociais relativos a arte operística devido a sua voz firme e elegante.
As áreas do mapa ocupadas pelos planetas no topo da árvore dos Dispositores são a casa I com a presença de Júpiter em Sagitário, que fez de seu corpo e sua energia pessoal um instrumento para sua projeção profissional. Por outro lado, temos a casa XI com Saturno em Libra e a casa II com Vênus em Capricórnio, demonstrando a interrelação entre seus valores pessoais e os grupos de amigos.
Os planetas situados na parte inferior da árvore são Urano em Peixes na casa IV e Plutão em Câncer na casa VIII, mostrando a dificuldade de encontrar uma segurança emocional, além de não conseguir lidar com as perdas, que lhe afetavam sobremaneira, levando-a inclusive a quadros depressivos.
O regente do Ascendente é Plutão, que está em Câncer na casa VIII, o que lhe proporcionava um grande magnetismo pessoal, além de ter possibilitado uma transformação radical em seu corpo, passando de uma jovem obesa para uma mulher elegantérrima.
Douglas Marnei
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