OS AJOGUN

Os Ajogun>> são forças malignas que habitam o lado esquerdo do cosmo, segundo a crença yorùbá.

O número total de Ajogun era de 200 + 1, o que significava seu poder infinito de multiplicação.

OS AJOGUN COMO CONTRA PONTO AOS ÒRISÀ

Portanto, eles fazem um contra ponto aos Òrìsà (entidades benévolas), que ocupavam o lado direito do cosmo e totalizavam o número de 400 +1

(igualmente para indicar a capacidade de surgimento de novas divindades).

O fato de existir o dobro de entes do bem, em relação aos do mal, demonstra que há mais possibilidades de vitória para os Homens, do que de derrota.

OS AJOGUN – Os oito principais Ajogun

Os oito principais Ajogun são:
Ikú: a morte – o rei dos Ajogun;
Àrùn: a doença (a peste) – considerada a esposa de Ikú;
Ọ̀fọ̀: a avareza;
Ẹ̀gbà: o ócio;
Ọ̀ràn: o problema;
Èpè: a maldição;
Èwòn: a prisão;
Èse: a aflição (compêndio de todos os demais males).

OS AJOGUN – Os iorubás acreditavam que o próprio Ọlọ́run, teria colocado os Ajogun na Terra com a finalidade de controlar os seres humanos

Logo, a atuação dos Ajogun era limitada à vontade de Ọlọ́run (O Deus Criador).

Ou seja, Ikú (a morte) só poderia encerrar a vida de alguém cujo destino tivesse chegado ao fim; ou antes disso, para punir algum descumpridor das lei divinas.

Da mesma forma, Égbà (a paralisia), só iria molestar uma pessoa para aplicar-lhe uma pena, por ordem de Ọlọ́run.
Aquele que se tornasse paralítico ao longo da vida, certamente teria cometido crimes passíveis de pena pelos Homens e pelos deuses.

Partindo-se do princípio de que essas forças malignas e seu poder não têm fim, podemos entender males contemporâneos, como o câncer, as drogas, a depressão, o HIV, a corrupção, a poluição, os desastres coletivos, etc.

Da mesma forma que o mal se perpetua e se modifica, também o poder benigno pode ser notado nos dias de hoje.

O avanço da medicina, o desenvolvimento científico, as preocupações com a sustentabilidade social, podem ser vistas como ações dos Òrìṣà para a proteção e ajuda aos Homens.

Os Ajogun e os males por eles trazidos ao Àiyé (mundo dos vivos), é também uma oportunidade para que os Seres Humanos adquiram as virtudes.

Afinal, somente diante das dificuldades apresentadas pelos Ajogun conseguimos fortalecer a fé, a determinação, a humildade, a união, etc.

Portanto, diferente da visão judaico-cristã de demônio.

Na cultura ioruba não existe a personificação de uma entidade do mal, mas sim energias que trazem dor, porém proporcionam o amadurecimento espiritual dos Homens.

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Marcio Righetti

Márcio de Jagun, Babalorixá, professor de cultura e idioma ioruba na Uerj e na Uff, escritor e advogado. tel.: 99851-6304 (cel/wz) e-mail: ori@ori.net.br Facebook: Márcio de Jagun blog.ori.net.br

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