Crise dos 40? Parte I

Crise dos 40? Parte I

Nunca mais poderei voltar a ser o mesmo
Nunca mais serei igual
Se um dia me saborear
A mim mesmo

Aquele sentimento que tantas vezes durante a vida nos possui, uma angustia às vezes sem fundamento, ansiedade incontrolável, vontade de desaparecer no vazio, talvez nunca ter existido. Coisa estranha essa, diante da vida tão preciosa, querer sumir, querer não estar vivendo… É a crise. Quando esse estado aparece é porque estamos “passando” por uma crise.

É no mínimo estranha a expressão “atravessando uma crise” ou “passando por uma crise”, como se a crise fosse um lugar, um espaço fora de nós, um território que atravessamos como quem atravessa um deserto, um oceano, um abismo, e que chegando ao outro lado tudo estará resolvido, estaremos livres do momento da crise. Será isso mesmo?

O que normalmente denominamos crises são momentos de passagem em nossas vidas.

Estamos passando de uma fase para outra, atravessando portas, mudando de grau, evoluindo, e algum tipo de resistência que existe em nós, e que parece agir além de nossa vontade, nos faz reagir dolorosamente, e por isso a sensação de que estamos atravessando um lugar terrível fora de nós.

O problema é acreditar que essa experiência está realmente fora de nós, e se empenhar apenas em sair dela, escapar desse purgatório o quanto antes.

Achar que a crise é um lugar exótico e áspero fora de nosso ser cria uma série de dificuldades, prolonga a crise, não diminui em nada a angústia comumente associada a essa experiência e, muitas vezes, distorce nossa percepção e nosso aprendizado.

O que é a crise, afinal?

Stephen Arroyo em seu livro “Astrologia, Karma e Transformação” diz que a palavra crise se origina do verbo grego “krino”, que quer dizer decidir.

Portanto, os momentos de crise são na verdade momentos de decisão, e os sintomas conhecidos, dor de barriga, dor de cabeça, angústia e até o eventual desespero, são na verdade, reações ao nosso medo de tomar a decisão e fazer o que temos que fazer.

É a resultante da resistência à mudança. É o medo da crise mais do que a própria crise.

Podemos até conjeturar que as crises provêm do apego, todas as crises.

A astrologia nos mostra através dos muitos ponteiros desse relógio cósmico que apresenta os ciclos de nossa vida, as passagens, as mudanças de estágio, os momentos de tomada necessária de decisões, que normalmente são identificados como crises de crescimento.

Por exemplo, a cada sete anos experimentamos as quadraturas e conjunções de Saturno.

Aos 14 anos, aos 21, aos 28, etc., vivemos transformações estruturais, tanto físicas quanto mentais, e pelo apego e identificação ao que já era experimentado e conhecido a tendência é vivermos uma crise, e em muitos casos, sofrermos.

Além do mais, já nas primeiras passagens de Saturno começamos a interpretar as crises como uma experiência referente ao mundo exterior, à rejeição e dificuldades vindas de fora para dentro, e raramente aprendemos a entender que o que estamos passando é um fato interior, parte de dentro de nós mesmos, é nosso problema e não do mundo.

Todos os planetas podem indicar e significar reações críticas durante seu movimento pelo zodíaco, especialmente quando formam determinados ângulos consigo mesmos ou com outros planetas.

Estes planetas estão sempre “caminhando” em seu movimento aparente em torno da Terra, ocupando uma casa terrestre, formando algum tipo de aspecto específico.

São configurações planetárias que ocorrem em vários momentos da vida, representando o que poderia ser chamado de momentos de crises previsíveis – transformações estruturais, crises de libertação, crises de morte e renascimento, crises de perda de sentido da vida, etc.

Quer dizer, os planetas estão sempre transitando através do zodíaco e despertando a consciência de necessidades em nós, o tempo todo, algumas mais fortes e definitivas, outras através de necessidades mais suaves e aparentemente passageiras. Receber e entender essas necessidades como sofrimento é nossa escolha, apenas nossa.




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