Os Sonhos e sua linguagem negligenciada II
Os sonhos e a atenção a eles não é algo novo para a humanidade.
Desde os tempos primitivos os homens se atém a eles mesmo sem o entendimento de que o grande fazedor de sonhos é o nosso próprio inconsciente
Os sonhos e o homem primitivo
A maioria dos povos primitivos sempre deu atenção aos sonhos e reconhecia seu valor até para a sobrevivência da comunidade.
Com efeito, eram os sonhos que guiavam a vida nas comunidades.
Não eram raras as tribos que se reuniam em roda logo ao amanhecer para que eles fossem contados.
Assim sendo, eles ofereciam uma diretriz para a conduta da comunidade frente aos desafios que a vida lhes impunha.
Para esses povos era Deus com o nome que lhes atribuíssem quem engendrava os sonhos.
Decerto, Deus ou a Natureza como artífice, não fazia diferença. Essa diferença consistia no fato de que o inconsciente se fazia ouvir.
Roda de sonhos, roda de cura
Primeiramente, eles não eram contados de uma maneira aleatória, era um sinal de reverência ao inconsciente e de manutenção de um diálogo com os dois hemisférios cerebrais.
Antes de mais nada, os sonhos possuem como característica orientar o ego para o enfrentamento da vida.
O único obstáculo é a decodificação de sua linguagem.
Enquanto os sonhos eram contados para orientarem a tribo, também individualmente, os contadores, dialogavam com seu inconsciente.
Mesmo que não fossem cônscios dessa sua função, o papel curador individual estava ativado nesses momentos.
Era o inconsciente de cada indivíduo do grupo a se manifestar e todos buscando de maneira conjunta, uma maneira de dialogar com ele.
O papel do shaman ou do pajé na interpretação dos sonhos
Inegavelmente, a interpretação de sonhos requer uma certa habilidade.
Nem todos possuem inclinação para fazer uma boa interpretação.
Os sonhos não costumam ser óbvios porquanto se comunicam por metáforas e símbolos.
Seria muito útil se todos nós, tal como os povos primitivos, nos reuníssemos sempre em grupos para discutirmos nossos sonhos.
Entretanto, não vivemos mais em comunidades de tal ordem, e a vida moderna nos afastou desse hábito de escuta do inconsciente.
Por outro lado, também já não temos um shaman ou um pajé que aguarde que nossos sonhos sejam contados e interpretados.
Os ¨deuses¨ do nosso inconsciente foram engolidos pelo mundo moderno.
Os sonhos, o homem moderno e a falta de tempo
O homem moderno em sua correria diária, deixou esses seus deuses e guias interiores para trás.
Portanto, o que lhe preocupa atualmente é a correria para fazer mais e mais, e dessa maneira, a interlocução com o inconsciente passou a ser vista como perda de tempo.
Inequivocamente, essa não ¨perda de tempo¨ redunda em perda de saúde física e mental, e a ansiedade lança suas garras sobre nós.
No entanto, ¨time is money¨. Nosso Deus interior foi substituído pelo Deus Mercado.
Contudo, esse não engendra sonhos, engendra tanto ansiedade, quanto luta, competição e inadaptação ao nosso tempo sagrado interior.
Caso esse espaço para a análise e troca do nosso mundo interno tivesse sido preservado, o sentido que se extrairia dessa conversa, inegavelmente ajudaria aos demais nesse caminho de desvendar o sentido e a informação que o sonho quer nos passar.
Porém, já não é isso mais o que ocorre, acordamos assustados ao som de um apito que nos grita ¨time is money¨ e que insiste até que levantemos.
Tentamos nos vestir e tomar um café apressados para chegar a algum lugar onde uma outra maquininha nos incita a bater o cartão porque ¨time is money¨
E assim segue nosso dia de maquininha em maquininha sendo controlados, e internamente escutando que ¨time is money¨ numa cantinela que nosso ego insiste que sigamos à risca.
Com efeito, o Deus Mercado deu um pontapé no nosso Deus interno… no nosso centro de saúde e equilíbrio.
Continua no próximo artigo….
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