kilili Mushriti

kilili Mushriti é um termo que faz referência à Prostituição Sagrada, remontando assim ao matriarcado, à Deusa.

Inanna/Ishtar era conhecida na antiga suméria/Babilônia como a Mãe das Prostitutas, ou ainda, como A Prostituta.

Entretanto, enquanto Prostituta, era chamada de Kilili Mushriti, ou Kilili, a que se inclina para fora.

A Prostituta Sagrada, como encarnação da Deusa, era a responsável tanto pela felicidade sexual quanto pela fertilidade. O feminino estava mais afinado com a Terra, com as deusas doadoras da vida. A vida à elas se subordinava, e à elas pertencia.

Nos afastamos do feminino ctônico, da Vida e da Morte, dos ciclos constantes de vida – morte – renascimento.

Todo nascimento é precedido de uma gestação, e só o feminino gesta. Tanto no mundo vegetal, quanto no animal e no humano.

Me questiono muito se esse afastamento de vida e morte não é o que leva a que tantos temam tanto o signo de Escorpião e não lhe entendam a natureza. Entretanto, isso é tema para um outro artigo, e de outra esfera.

O objetivo aqui não é falar de Astrologia.

Vale transcrever nesse artigo, um pequeno parágrafo do livro A Prostituta Sagrada, de Nancy Qualls-Corbet

“Assim, pois, antes de se casar, cada virgem da Babilônia era iniciada na feminilidade dentro da santidade do templo, sacrificando sua virgindade e experimentando os primeiros frutos de sua sexualidade.

O estranho, que era visto como emissário dos deuses, aproximava-se e atirava três moedas no colo da mulher que ele escolhia, dizendo:

“Que a deusa Mylitta a faça feliz”,

sempre reconhecendo a presença da deidade e a santidade do ato. Ele não pagava à mulher, mas oferecia à deusa por essa lhe permitir tomar parte em seu rito sacrificial.

Tanto o ato do amor como a oferta eram dedicados à deusa e, portanto, tornados santos.

A mulher, então, voltava para casa, normalmente para preparar seu casamento vindouro.

Ela agora havia sido abençoada.

Esse ato não representava para ela nenhuma desonra; ao contrário, era motivo de orgulho para ela. …

Em Tebas, a esposa do alto sacerdote recebia o título de concubina-chefe…

Em alguns casos, mulheres que não desejavam levar vida casta nem se casar, passavam a vida inteira nos recintos do templo. Eram elas as Virgens Vestais, que serviam à deusa grega Héstia ou Vesta, como encarregadas do fogo da lareira.

A lareira era o ônfalo, o centro feminino do universo, o umbigo do templo.

Sua natureza feminina era dedicada a propósito mais elevado, o de trazer o poder fertilizante da deusa para o contato efetivo com as vidas dos seres humanos”

Não deixo nunca de associar esse afastamento do feminino e do mundo matriarcal com o processo de destruição que impomos ao nosso planeta.

A Mãe-Terra, adubo e túmulo,foi rebaixada pelo patriarcado. A sexualidade associada à pornografia. O ato sexual, a algo politicamente correto baixo determinados princípios e regras criadas pelo homem e para o homem.

A resultante disso é o excesso de feminicídios, o desrespeito à mulher, a infelicidade matrimonial, quando a bênção está sobre a cabeça da santa e a mácula e o ¨pecado¨ à prostituta.

A mulher se fundiu em 2 coisas distintas quando na realidade, são partes de um mesmo arquétipo.

A mulher se submeteu e se perdeu de si mesma. O mesmo se deu com a natureza.

E num estranho e sinuoso trajeto, ora andamos para a frente, para a unificação do arquétipo, ora para trás, assolados por ondas de conservadorismo.

Enquanto o ser humano não se afinar com a própria natureza, e a mulher não tomar a si essas duas partes cindidas, não teremos chance de sermos felizes. Quer homens, quer mulheres. Estamos todos interligados por um fio invisível que conecta todo o planeta.

Em decorrência disso, as guerras seguirão, as desigualdades também. Enfim, Gilgamesh não lutou em vão. Conseguiu quebrar a unidade entre os seres e entre os diferentes sexos.

Esse passado arquetípico ou não, precisa ser superado para que as feridas sejam sanadas e possamos almejar nossa própria integralidade. E quando falo nossa, não me refiro nem a homens, nem à mulheres, mas à toda a vida no planeta.

Gosto muito dessa música do gênio Chico. Vale uma reflexão.

Umas e Outras
Chico Buarque

Se uma nunca tem sorriso
É pra melhor se reservar
E diz que espera o paraíso
E a hora de desabafar

A vida é feita de um rosário
Que custa tanto a se acabar
Por isso às vezes ela pára
E senta um pouco pra chorar

Que dia! Nossa, pra que tanta conta
Já perdi a conta de tanto rezar

Se a outra não tem paraíso
Não dá muita importância, não
Pois já forjou o seu sorriso
E fez do mesmo profissão

A vida é sempre aquela dança
Onde não se escolhe o par
Por isso às vezes ela cansa
E senta um pouco pra chorar

Que dia! Puxa, que vida danada
Tem tanta calçada pra se caminhar

Mas toda santa madrugada
Quando uma já sonhou com Deus
E a outra, triste enamorada
Coitada, já deitou com os seus
O acaso faz com que essas duas
Que a sorte sempre separou
Se cruzem pela mesma rua
Olhando-se com a mesma dor

Que dia! Nossa, pra que tanta conta
Já perdi a conta de tanto rezar

Que dia! Puxa, que vida danada
Tem tanta calçada pra se caminhar

Que dia! Cruzes, que vida comprida
Pra que tanta vida pra gente desanimar




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Claudia Araujo

Aquário com Gêmeos, sou muitas e uma só. Por amar criar com as mãos, sou designer de biojóias e mantenho o site terrabrasillis.com, assim como pinto aquarelas e outras ¨manualidades¨. Por não me entender sem a busca do mundo interno do outro, sou astróloga com 4 anos e meio de formação em psicologia analítica sob a supervisão de José Raimundo Gomes no CBPJ – ISER e já mantive por anos o site Meio do Céu. Nessa nova etapa mantenho o site grupomeiodoceu.com. Dou consultas astrológicas e promovo grupos de estudo de Jung e Astrologia, presenciais e online. São várias vidas vividas numa única existência, mas minha verdadeira história começa aos 36 anos, e o que vivi antes ou minha formação acadêmica anterior, já nem lembro, foi de outra Claudia que se encerrou em 1988. Só sei que uso cotidianamente aquilo em que me tornei, e busco sempre não passar de raspão pelo mapa astrológico do outro. Mergulhar é preciso, e ajudar o outro a se transformar, algo imprescindível. Só o verdadeiro autoconhecimento pode gerar transformação. Não existe mágica, e essa autotransformação não ocorre via profissional, mas apenas através do real interesse do cliente em buscar reconhecer como se manifesta em sua vida cotidiana e qual seu potencial para a transformação. Todos somos mais do que aquilo que vivenciamos. A busca deve passar sempre pelo reconhecimento daquele eu desconhecido que em nós mesmos habita. A Astrologia é um facilitador nessa busca porque nela estão contidos tanto nossos aspectos luz quanto sombra. Ela resolve nossos problemas? A resposta é não. Ela apenas orienta no sentido do reconhecimento de nossa totalidade. A busca é do cliente. A leitura é do astrólogo, mas só o cliente poderá encontrar o caminho de sua totalidade e crescimento responsável. websites : www.terrabrasillis.com e www.grupomeiodoceu.com Fale com Claudia direto no Whatsapp

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