Trânsitos e Transmutação

Trânsitos e Transmutação

Os trânsitos não funcionam apenas de dentro para fora, como se vivêssemos uma transformação interior que fôssemos aplicando à nossa realidade mais imediata.

Tanto as transformações quanto mudanças simbolizadas (jamais causadas) pelos trânsitos e outros indicadores de atualização planetária também ocorrem de fora para dentro, não apenas através de fatos dos quais muitas vezes nos sentimos vítimas, mas através de uma figura que costumo chamar de emissário ou agente planetário.

Este agente normalmente é uma pessoa que surge em nossas vidas, ou um comportamento diferenciado em alguém com quem já convivíamos.

Exemplificando:

Durante o Returno (retorno de Saturno) é comum que alguém de Capricórnio, ou Ascendente Capricórnio, Saturno dominante, ou simplesmente alguém mais velho, interfira em nossa vida, interaja com a gente, causando a tal da consciência saturnina e as transformações e estruturações decorrentes.

Ou seja, a coisa não acontece sozinha simplesmente, ela acontece durante a interação entre o indivíduo e seu ambiente (durante o trânsito de Saturno por meu Ascendente, eu tinha uma turma de 15 alunos/as, 12 deles estavam vivendo Saturno em trânsito em conjunção com Saturno, Sol ou Ascendente, e cada um de nós ajudou e representou o papel de Cronos estruturador na vida do outro).

Pluto costuma também mandar seus emissários.

Se ficarmos atentos, o trânsito se torna mais fácil de manejar.

É evidente que ninguém vai deixar de viver o que tiver que viver, mas todos podemos, com esta referência, aproveitar melhor as lições deste planeta.

Podem apostar que pessoas com características muito, muito plutônicas se aproximarão, passarão a fazer parte da vida como quem veio do nada (ah, nós sabemos de onde vieram!!!) e vão fazer um reboliço, vão fazer algo em nós morrer, não necessariamente com dor, mas muitas vezes com ela, para criar o espaço necessário a uma renovação em nossas vidas.

Poderia dar dúzias de exemplos, mas um simples raciocínio e uma revisão na história pessoal de cada um vai mostrar que, nos momentos dos trânsitos de Pluto, sempre apareceu algum plutoniano de plantão, ou, em último caso, alguém da nossa intimidade “incorporou” o capeta do Pluto em suas atitudes e isto afetou e transformou nossa existência ou as qualidades e valores que projetávamos através do planeta ou do ponto atingido por Plutão.

Este negócio de transmutação alquímica da alma é uma besteira. Mas pode impressionar.

Na verdade, nunca vi alguém se transmutando, mas já vi dor e alegria e mudanças significativas na vida das pessoas durante este movimento plutoniano.

E podem apostar que o saldo é sempre positivo, pois toda mudança, por mais que nosso apego a velhas formas faça com que sejam dolorosas, é boa e necessária, senão simplesmente não aconteceria.

Aliás, por falar em “apego”:

Por ser esta uma palavra basicamente venusiana, e por Vênus representar o oposto simbólico de Pluto, esta é uma das questões que mais se evidenciam durante seus trânsitos, e talvez a mais terrível, pois o apego a certas coisas (objetos, formas de ser, crenças) nos dá segurança e sentido de realidade, nos mantém atrelados e coerentes com um sistema de valores que construímos para sustentar com alguma segurança nossa própria realidade.

Desapegar-se pode significar, especialmente se Pluto estiver envolvido, abrir mão dos alicerces que faziam a gente ser como é, expressar-se desta forma, amar daquela forma, acreditar naquela outra forma…

enfim, manter a forma (com e sem acento circunflexo).

E não é fácil se permitir ficar sem alicerces e, conseqüentemente, sem segurança para fazer o que sempre fizemos, não é fácil mesmo.

Mas, enfim, é o que a gente vai ter que acabar fazendo, e os agentes plutonianos que aparecem em nossa vida, seja um professor, um amigo, um filho, um novo amor, têm exatamente esta função.

Chega um dia, um certo dia, que a gente agradece a estas pessoas pelo que elas desencadearam em nossas vidas.

Demora um pouco, mas chega.

Da mesma forma que o Cristianismo tem que agradecer a Judas, o Escorpião da Santa Ceia, seu trabalho de detonador do Calvário, a mais usada base do Cristianismo.

Ou a humanidade tem que agradecer à serpente (eta figurinha plutônica!) por tudo que aconteceu.
Valdenir Benedetti




Outros artigos interessantes deste mesmo autor:

Deixe seu like e siga nossa Rede Social:
0

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *