FERIMENTO – SÍNDROME DO PÂNICO FINAL

FERIMENTO – SÍNDROME DO PÂNICO FINAL

A queixa daquele que é ferido por um deus não pode DECERTO ser apresentada a nenhum tribunal humano. Afinal, quem advogaria a favor do réu e se colocaria contra um deus?

Portanto, nada pode ser feito a favor do incauto.

O veredicto já foi selado.

A única saída possível para os “escolhidos de um deus” é apresentarem suas queixas àquele que lhes causou a ferida.

Ademais, rogar para que lhe dê compreensão para suportá-la e, eventualmente, ultrapassá-la.

Com efeito, fazendo de sua memória, da memória desse ferimento, um conhecimento útil tanto para sua própria vida quanto para ajudar aqueles que perambulam pelo mundo carregando o próprio coração nas mãos sem que seja possível encontrar descanso.

O centauro Quiron, sem dúvida, muito apreciado entre nós, junguianos, fez isso.

Depois de um longo caminho de arrogância e prepotência, viu-se diante de um sofrimento interior para o qual não encontrou remédio curativo.

No entanto, esta criatura meio humana meio animal teve um insight que lhe salvou a pele: aceitou a realidade como esta se apresentava a ele. Meditou sobre sua própria catástrofe e a partir daí abriu-se a própria transformação imposta pelo sofrimento.

Dessa experiência resultou o nascimento de uma nova consciência, vale dizer, de uma nova maneira de olhar para seu próprio mundo interior e lidar com ele, ao mesmo tempo que compartilhou esse graça com aqueles que, como ele, sofriam, mas que ainda não haviam descoberto os motivos desse sofrimento.

Foi assim que Quíron tornou-se um curador-ferido.

E é desse jeitinho que nós, seus discípulos distantes no tempo mas próximos na alma, vivemos as nossas vidas.




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José Raimundo Gomes

J. R.GOMES é psicólogo clínico no Rio de Janeiro. Tem consultório na Tijuca e na Barra. Contato: jrgomespsi@yahoo.com.br / WhatsApp: 21.98753.0356

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