SINCRONICIDADE e a forma qualitativa de pensar
SINCRONICIDADE e a forma qualitativa de pensar>>
Nas palavras de Marie Louise von Franz :
“Segundo os chineses, os números descrevem relações regulares de eventos e coisas, exatamente como ocorre conosco.
Com fórmulas algébricas matemáticas, tentamos descrever relações regulares.
Como categoria, a causalidade é a ideia para descobrir tais relações e também para os chineses, os números expressam as relações regulares das coisas
– não em seu modo quantitativo, mas em sua hierarquia qualitativa, mediante a qual eles qualificam a ordenação concreta das coisas (…)
Mas na china vão mais longe ainda, já que acreditam que o universo, tem provavelmente um ritmo numérico básico.
A mesma questão surge agora entre nós, pois, na física moderna, há quem pense ser possível encontrar o ritmo básico do universo, que explicam todos os diferentes fenômenos (…)
Para nós isso ainda é especulação, mas os chineses simplesmente sempre supuseram, que existia esse ritmo de toda a realidade.
Ritmo que era um padrão numérico, e que todas as relações mútuas das coisas, em todas as áreas da vida externa e interna, espelham, portanto, esse mesmo padrão numérico básico, numa forma concebida como um ritmo.
Até fins do século XX, a concepção chinesa do mundo, era muito mais vigorosa e dinâmica do que a nossa, acreditando que tudo era energia em fluxo”
SINCRONICIDADE e a forma qualitativa de pensar – Os chineses
Portanto, o fenômeno da sincronicidade se refere a essa forma chinesa qualitativa de pensar.
Jung em seu livro SINCRONICIDADE, se reporta ao fenômeno da duplicação de casos.
De uma hora para outra, começam a surgir 2 ou 3 ou mais casos similares, como se estivessem nos reportando a uma certa qualidade de tempo que nos remetesse à uma situação específica.
Geralmente, não se pode encontrar um nexo causal entre esses acontecimentos coincidentes.
Analogamente, posso me recordar de um período em que 8 pessoas de minhas relações, num espaço de tempo de não mais que 5 dias, me comunicaram que estariam viajando para a França.
Contudo, isso num mês atípico, que não era de férias, setembro.
Nesse mesmo período, me indicaram uma cliente francesa para atendimento astrológico e que estava de férias no Brasil.
Uma aluna me comunicou que o marido havia sido transferido para a Michelin na França.
Assim sendo, comecei a considerar algo como uma coincidência significativa nessa série de acontecimentos
Enfim, isso culminou com o fato de ter encontrado no banco de um táxi um livro em francês, que tentara por diversas vezes importar sem sucesso.
Entreguei o livro ao motorista e ele disse que se me interessasse, poderia ficar com ele, pois não lia francês e acabara de deixar uns franceses no aeroporto quando voltavam de férias, e que jamais teria como encontrá-los.
Com a posse do livro garantida, acabaram-se os fatos relacionados à França, certamente a qualidade do tempo mudara.
SINCRONICIDADE e a forma qualitativa de pensar- Jung
Jung cita:
“Os agrupamentos ou séries de casualidades não têm sentido, pelo menos para o nosso modo atual de pensar, e situam-se quase sem exceção, dentro dos limites da probabilidade.
Existem, contudo, certos casos cujo caráter aleatório pode dar ocasião as dúvidas.
Tomarei apenas um exemplo dentre muitos: No dia 1 de abril de 1949 anotei o seguinte: Hoje é sexta-feira.
Teremos peixe no almoço.
Alguém mencionou de passagem o costume do “peixe de abril”.
De manhã, eu anotara uma inscrição :Hoje é Sexta-feira. Teremos peixe no almoço.
Alguém mencionou de passagem o costume do “peixe de abril”.
De manhã, eu anotara uma inscrição : Est homo totus medius piscis ab imo ( o homem todo é peixe pela metade, na parte de baixo ).
À tarde, uma antiga paciente, que eu não via desde vários meses, mostrou-me algumas figuras extremamente impressionantes de peixes que ela pintara nesse meio tempo.
À noite mostraram-me uma peça de bordado que representava um monstro marinho com a figura de peixe.
No dia 2 de abril, de manhã cedo, uma outra paciente antiga, que eu já não via desde vários anos, contou-me um sonho no qual estava à beira de um lago e via um grande peixe que nadava em sua direção e “aportava”, por assim dizer, em cima de seus pés.
Por esta época, eu estava empenhado numa pesquisa sobre o símbolo do peixe na História.
Só uma das pessoas mencionadas tem conhecimento disso.
A suspeita de que este caso seja talvez uma coincidência significativa, isto é, uma conexão acausal, é muito natural.
Devo confessar que esta sucessão de acontecimentos me causou impressão.
Ela tinha para mim um certo caráter numinoso.
Em tais circunstâncias somos inclinados a dizer: “Isto não é obra do acaso”, sem sabermos o que dizer(…)
Os casos de coincidências significativas, que devemos distinguir dos grupos casuais, parecem repousar sobre fundamentos arquetípicos (…)
E a sincronicidade aparece em primeiro lugar, como a simultaneidade de um estado psíquico com um ou vários acontecimentos que apareçam como paralelos significativos de um estado subjetivo momentâneo e, em certas circunstâncias, também vice – versa (…)
Os acontecimentos sincronísticos repousam na simultaneidade de 2 estados psíquicos diferentes. Um é normal, provável ( quer dizer : pode ser explicado causalmente ) e o outro, isto é, a experiência crítica, não pode ser derivado causalmente do primeiro (…) “ fim das considerações de Jung
SINCRONICIDADE e a forma qualitativa de pensar – observações de Jung
Porquanto, Jung observou que na sincronicidade, existe uma simultaneidade do estado normal ou ordinário com um estado ou experiência que não pode ser derivada causalmente do primeiro.
De tal forma, a objetividade do fato só vai poder ser observada posteriormente.
Na sincronicidade o tempo e o espaço parecem ser reduzidos a zero, assim como desaparece o nexo causal
Por conseguinte, na sincronicidade, um determinado estado emocional altera o espaço e o tempo no sentido de uma contração ou abaixamento de nível mental.
Esse abaixamento de nível mental ou abaixamento da consciência, fortalece o inconsciente.
Nesse momento, é como se a consciência fluísse para o inconsciente, e vice-versa.
Evidentemente, há no inconsciente, uma espécie de conhecimento ou “ presença “ a priori de acontecimentos, sem qualquer base causal.
Contudo, o conceito de causalidade é incapaz de explicar os fatos.
SINCRONICIDADE e a forma qualitativa de pensar – fenômeno mágico?
1. Uma imagem inconsciente alcança a consciência de maneira direta (literalmente) ou indireta (simbolizada ou sugerida) sob a forma de um sonho, associação ou premonição.
2 . uma situação objetiva coincide com este conteúdo De que modo surgem a imagem inconsciente ou a coincidência?
Fato é que para que isso ocorra, de alguma maneira deverá estar relacionado a um afeto forte e pressionante.
Afeto esse, que de uma certa maneira mobilize esferas diversas no indivíduo. A alma tem que desejar ardentemente.
A alma se acha, com efeito, tão desejosa daquela coisa que ela gostaria de realizar, que escolhe espontaneamente a hora astrológica melhor e mais significativa que rege também as coisas que concordam melhor com o objetivo de que se ocupa.
Afinal, de uma certa maneira, o fenômeno sincronístico é um fenômeno mágico e dependente do afeto.
Em breve, o fenômeno da sincronicidade nos oráculos
Ler parte I http://www.grupomeiodoceu.com/internas/2018/11/03/sincronidade-e-as-duas-qualidades-de-tempo/
Ler parte II http://www.grupomeiodoceu.com/internas/2018/11/04/principio-de-conexao-causal-e-o-acausal-sincronicidade/
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