Os mistérios do casamento Parte II – Entre o Amor e o Ódio
Os mistérios do casamento
Parte II
Entre o Amor e o Ódio>>
E por que se briga no casamento?
Qual função tem tais desentendimentos?
No jogo do “foi você quem começou”, quais os conflitos ocultados?
Mais ainda.
O que é denunciado de minha personalidade, quando faço aponto no outro os infindáveis delitos de que é portador?
Como pude me casar com alguém tão inominável, bruto, irresponsável, tão grosseiro e egoísta?
São boas perguntas.
Se honestamente respondidas podem lançar uma luz libertadora sobre o casamento e a personalidade dos ofendidos.
Não se tem dúvidas de que todo enlace amoroso possui forte apelo físico.
Sobretudo, o mundo dos graciosos corpos que se atraem mutuamente exerce um determinante na hora da escolha.
Cheiro, pele, sabor, os feromônios, a química da atração é sentida à distância, e produz poderosos efeitos sobre os sentidos.
Os mistérios do casamento – Paixão unilateral
Conforme, os gregos chamavam de “hymeros” essa força que percorre o corpo, impulsionando-o na direção do objeto que a provocou. E de “anteros”, a expectativa de que o outro deseje na mesma medida que eu o desejo.
Precisa ser uma combinação perfeita. Pois estamos diante do Amor e qualquer assimetria, por menor que seja, pode ser sentida como rejeição.
E abrir caminho para toda sorte de discórdia e descontentamento.
Não se pode subestimar o fato de “hymeros” e “anteros” serem parte constitutiva de Eros. O perigoso deus Amor.
É lamentável, mas nada pode ser feito se este intempestivo personagem resolver lançar sua flecha de paixão. Alvejando apenas um dos corações envolvidos, e mantiver fora de sua pontaria a outra parte.
Não é uma experiência edificante sentir-se profundamente apaixonado por alguém que não lhe dá a mínima.
Mas pode acontecer.
Os mistérios do casamento – Responder com agressão
Nenhuma outra atitude pode ser tão saudável como aquela que ensina a aceitar o amor e suas consequências, mesmo doendo.
Toda a tradição psicológica entende que as neuroses são desvios do amor.
Uma investigação minuciosa do sofrimento neurótico evidencia seus motivos inconscientes.
O martírio no qual o sujeito está submerso pretende forçá-lo a aceitar a realidade de que vivemos para o amor. E não podemos escapar dele, sob pena de adoecermos.
Não é tão fácil diagnosticar a fonte de tensão de um casamento. Quando está em jogo o inconfessável sentimento de não ser amado como se gostaria.
Principalmente se este alguém for orgulhoso e incapaz de aceitar suas deficiências.
Uma das respostas habituais do cônjuge que se sente preterido por quem ama, é a agressão.
Sim há formas diversas de ferir.
Palavras, ações, choque físico, adoecendo para manipular os sentimentos e a atenção do outro.
Os mistérios do casamento – Separar ou não?
Resulta desta complexa fenomenologia relacional a seguinte questão.
Se o casamento é fonte de infelicidade, porque o mantenho e não consigo me livrar dele?
A acurada observação do funcionamento de minha própria psicologia interior pode revelar. A dificuldade em resolver o casamento por uma via que seria, a princípio, a mais fácil: a separação.
Outro ponto, não menos importante.
Conhecendo o sofrimento inerente a todo casamento, torno-me menos acusatório e mais compreensivo. Porque descubro que a vida a dois necessita de negociação, acordos, pactos e confiança mútua.
Assim, é possível construir uma reserva de liberdade individual dentro do próprio matrimônio. E evitar as terríveis acusações de egoísmo.
Naturalmente esta atitude é via de mão dupla e ambos devem estar não apenas a serviço do casamento como unidade.
Mas devem estar igualmente comprometidos com a realização individual de cada um dentro do matrimônio.
Os mistérios do casamento – Ser parceiro
Não existe apenas “o casamento”, como se fosse uma entidade acima dos indivíduos envolvidos nele.
Há pessoas ali, com sonhos e com um mundo íntimo próprio que clama por realização.
De maneira idêntica o parceiro precisa ser cúmplice deste processo. Ajudando o cônjuge a se realizar também como ser humano único, individual.
Isso requer despojamento, confiança em si mesmo e amor verdadeiro. Um trinômio que vale a pena buscar.
http://www.grupomeiodoceu.com/internas/2018/12/09/os-misterios-do-casamento-i/
Autor: José Raimundo Gomes
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