Assim foi dito:

Assim foi dito:

Quando o Bodhisattva Gautama estava próximo do Esclarecimento Pleno, Māra (o Senhor das Ilusões) montado em seu elefante Girimekhalā aproximou-se com grande exército de monstros, símbolos das ignorâncias da mente, e tentou de todas as formas retirar Siddhartha de seu assento sob a árvore Bodhi.

Sem sucesso, Māra enviou suas três filhas, simbolos do prazer e luxúria.

Porém, após receber o ensinamento do Bodhisattva elas enxergaram sua sabedoria, ajoelhando-se e lhe rendendo homenagens.

Louco de fúria, disse o Senhor das Ilusões, “Quem és tu para reivindicar o Trono da Iluminação? Eu sou mais digno, sou o Poder, sou a Força, e o clamo em meu nome! Tenho meu poderoso exército por testemunha!”.

E o gigantesco exército de Māra, em voz uníssona e estrondosa, gritou “Somos sua testemunha!”.

Arrogante, disse Māra com escárnio, “E quem fala por ti, ó Gautama?”.

Siddhartha tocou a ponta de seus dedos na Terra e ela tremeu, derrubando o exército de Māra. Uma voz de força avassaladora emanou de toda a terra: “Sou sua testemunha!”.

Tremendo de pavor, Māra e todo o seu séquito desapareceu. E quando a Estrela da Manhã surgiu no céu, Siddhartha Gautama atingiu o pleno esclarecimento e tornou-se Buddha.

8 de Dezembro 2019 – Rōhatsu (臘八) – Dia da Iluminação de Buddha

(Conto tradicional adaptado por Monge Kōmyō)
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Comentário:

Um toque na terra, o gesto mais belo. Quem mais irá falar por Gautama? Quem, dentre todos os deuses, os senhores do mundo, e os conhecedores das escrituras, poderia defender com mais valor os méritos de uma mente plenamente desperta?

A estrela da manhã se ergue no horizonte, a mente de Gautama não mais possui qualquer impedimento, e está livre. Sādhu! Sādhu! Sādhu!

Agora, cabe a todos nós seguirmos com diligência a mesma senda, para realizar em nós mesmos tão maravilhoso Despertar.

A Terra, tanto serena quanto firme, irá nos sustentar a cada passo. Também ela irá falar por nós, irá testemunhar nosso esforço.

E será a nobre Terra que celebrará a transformação e cura de nossas mentes.

Confie na prática.

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“Ele esticou sua mão, como um relâmpago luminoso descendo dos céus,
E disse, ‘Esta terra é minha testemunha’, (…)

‘O Fogo, a Água e o Vento são minhas testemunhas’,
‘Assim também são Brahmā — Senhor dos Seres, a Lua, o Sol e as estrelas.’
‘Os Buddhas nas Dez Direções são minhas testemunhas;’

‘Minha disciplina, minha prática, e os ramos superiores da [árvore da] consciência são todos minhas testemunhas.’

‘Generosidade, determinação, paciência são minhas testemunhas;’
‘Diligência, concentração e conhecimento,’
‘As Quatro Contemplações Ilimitadas, e os Cinco Conhecimentos Superiores são minhas testemunhas.’
‘De fato, todo o esforço gradual para o despertar é minha testemunha.’
(…)

Ele graciosamente tocou com a ponta de sua mão na terra,
Ela respondeu ressoando como um sino de cobre.
Quando Māra ouviu este som, caiu ao chão,
E então ouviu as palavras [da Terra], ‘Derrotado estás, ó Amigo da Escuridão!'”
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Ārya Lalitavistaranāma Mahāyāna sūtra (Toh 95, Degé Kangyur, vol. 46 (mdo sde, kha), folios 1b–216b)
Capítulo XXI
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(Tradução do Sutra ao português e versão dos versos de exclusiva responsabilidade de Monge Kōmyō )




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Monge Komio

Mestre em Ciência das Artes, Artista Plástico, Escritor, Monge Zen Budista (Templo Daissen-ji / SC). https://www.facebook.com/zenniteroi/

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