Três Regiões – Zonas Cósmicas

Três Regiões – Zonas Cósmicas

A árvore cósmica é essencial ao xamã. Faz seu tambor cerimonial da madeira da árvore.

Elíade narra que segundo lenda siberiana os deuses usam a árvore como para engatar seus cavalos, porque fazem a coluna do mundo.

A árvore conecta também as três regiões cósmicas.

As raízes (o mundo subterrâneo), o tronco (intermediário), as copas (superior).

Ela é vista também como a árvore da vida e do imortalidade

É interessante destacar que nas diversas culturas, existe concordância com relação a localização de aberturas no corpo espiritual, muito embora haja diferenças no que diz ao número dessas aberturas e suas funções.

A energia de vida é passada pela inspiração e deixamos o nosso corpo físico através da expiração.

A respiração não é vital somente para o corpo físico, é o alimento da alma.

Nossa força vital, também é conhecida como mana, prana, chi, ki, etc.

Ela é extraída da energia cósmica através da respiração e absorvida até a energia corporal e refinada pelo chacras ou centros de energia, antes de ser distribuída para o corpo físico e sutíl.

Em cada inspiração, pegamos energia de canais, chamados no oriente de nadís.

Existem três canais de energia maiores, um localizado na linha da coluna central e outros dois entrelaçados em volta desse canal central.

O canal do lado direito ou *Pingala*, carrega corrente positiva e o do lado esquerdo ou “*Ida*”, corrente negativa.

Eles formam um movimento de zig-zag de lado a lado do canal central ou *Sushumna*, que carrega corrente neutra.

Esse canal direito transporta a energia do Sol.

Traz energia masculina, verbal, racional.

Já o canal esquerdo, transporta a energia da Lua, de natureza feminina, emocional.

O entrelaçamento desses canais é o símbolo que a magia conhece como “Caduceu de Mercúrio”, que é representado por 2 cobras, uma preta e outra branca, dançando em volta de uma varinha, que mais tarde, tornou-se o símbolo da medicina.

Os centros de energia humanos estão localizados ao longo da linha da espinha, que acumula fina luz de energia, de cuja aura é composta.

A energia, chega através da respiração, é retirada dos canais e centros de energia, vitalizando o corpo físico, através do sangue, sistema nervoso e glândulas endócrinas.

Os centros de energia, assim como os órgãos físicos, podem ser avariados.

Podem estar necessitando de brilho e intensidade.

Podem também ser ampliados e ativos.

Um trauma emocional, medo ansiedade, stress, luto, estão entre as causas mais comuns do mal funcionamento dos centros.

Cada centro tem uma função em particular, e, eles refletem a qualidade de vida individual.

A ativação dos centros também se consegue através dos pensamentos.

As pessoas mais espiritualizadas ampliam mais seus centros do que os materialistas.

A expansão desses centros, é a própria expansão da consciência, promovendo o indivíduo com discernimento e reconhecendo outros reinos de existência dentro de si mesmo.

*Wallace Black Elk,* ao descrever a visão da dança do sol, fala sobre a árvore que está no centro do cerimônia, porque a árvore representa a maneira dos povos.

Três Regiões – Zonas Cósmicas
Três Regiões – Zonas                       Cósmicas

 

Quero discorrer um pouco sobre a cerimônia *Wiwang Wacipi* – Sundance ou a Dança do Sol.

Trata-se de um dos grandes ritos dos nativos norte-americanos, que ficou conhecido no filme: O Homem Chamado Cavalo.

Faz parte dos Sete Rituais Sagrados, passados pela Mulher Novilho Búfalo Branco, que também passou o Cachimbo Sagrado – Chanumpa.

No xamanismo siberiano, a árvore é repouso dos espíritos pássaros, onde a iniciação de um xamã é marcada por sua alma sendo carregada por uma ave de rapina a seu ninho na árvore do mundo subterrâneo e seu corpo desmembrado por espíritos.

Também que a alma humana se nutre nas árvores e que, no mundo superior existe uma determinada árvore, onde as almas dos xamãs são elevadas, antes de alcançarem seus poderes e nas copas estão os ninhos em que as almas são atendidas.

O mais forte xamã é o que irá para esse ninho e será o de maior poder.

Animais são conectados próximos aos espíritos que emprestam seu poder aos xamãs.

A águia é reconhecida como uma das fontes principais de um poder do xamanismo.
Ela águia é encontrada na árvore do mundo, e também as serpentes são importantes, e se enrolam em torno da árvore.

Em cosmologias siberianas, o universo é associado também com os conceitos animais, tais como os alces para o mundo intermediário, urso para o mestre dos animais, e outros.

Os Hopi acreditam que chegaram na Terra num processo de emergência de três mundos precedentes.

Estes mundos são considerados Mundo Subterrâneo (de dentro da Terra).

As descrições variam no povo, de clã a clã.

A cultura Hopi é mantida através da tradição oral, ela é passada dos mais velhos para os mais novos.

O primeiro mundo, é descrito como um lugar sem tempo e de um espaço infinito.

O único espírito que existia no mundo era o Espírito do Sol (DAWA).

O primeiro mundo foi habitado por criaturas pequenas , que podem ter sido insetos.

Viviam nesse mundo escuro e usavam muito do seu tempo lutando entre eles.

Novos espíritos foram enviados por Dawa para ajudar essas criadoras a se prepararem para uma viagem longa.

Durante essa viagem as pequenas criaturas começaram a mudar cabelos, caudas crescentes, etc.

Foram tomando formas dos cães, dos chacais, dos ursos, etc. Após um período de tempo as criaturas novas chegaram no Segundo Mundo.

Depois que essas criaturas chegaram no segundo mundo, elas não sabiam a finalidade da vida e nem tinham compreensão de seu papel nesse mundo novo.

Não estavam melhores nesse segundo mundo do que no primeiro.

Dawa estava infeliz, enviou um outro espírito para começar uma nova viagem ao Terceiro Mundo.

Este espírito era a Avó Aranha (SOHO).

Quando as criaturas chegaram no Novo Mundo (Terceiro Mundo), o mundo estava mais claro.

Nesse tempo as criaturas começaram a assemelhar-se aos povos.

Os povos foram instruídos para manterem-se afastados do mal e praticar somente coisas boas.

Os povos começaram a desenvolver vilas e o milho começou a crescer.

Os povos foram ensinados a usar o fogo pelos mensageiros emitidos pelo guardião do Mundo (Massau).

O fogo era uma benção, porque no começo, o Terceiro Mundo era frio.

O fogo foi usado pelos povos para cozinhar os alimentos e aquecer a cerâmica. Por um momento tudo estava bem no Terceiro Mundo.

O Terceiro mundo devia logo experimentar maus pensamentos e os comportamentos dos guerreiros que estavam naqueles tempos.

Os homens e as mulheres começaram a negligenciar suas responsabilidades, seus campos não produziam.

Há várias versões a respeito de como os povos começaram a deixar esse mundo e a procurar outro mundo para viverem.

Alguns dizem que os espíritos os recomendaram, que se mantivessem num caminho reto, vivessem com bom coração, e assim poderiam viver num novo mundo.

A questão era como iriam começar esse novo mundo.

No Terceiro Mundo, haviam grandes pássaros, e os povos planejavam usa-los para encontrar uma abertura no céu, que lhes permitiria encontrar o Quarto Mundo.

Tentativas foram feitas, mas sem resultados.

Eles ficaram exaustos tentando, mas compreenderam que existia uma abertura.

Depois de muitas tentativas, um pássaro pequeno descobriu a abertura, e a notícia foi dada para os povos.

Outro problema foi levantado : Como seriam os povos que habitariam o Quarto Mundo ?

Numa extremidade, um bambu foi introduzido e foi aumentando suficientemente a abertura para o Quarto Mundo.

Somente foram permitidos aos povos de bom coração viajarem dentro do bambu, a fim de deixar o mal preso no Terceiro Mundo.

Enquanto os povos alcançaram o Quarto Mundo e o encontraram mais brilhante, mas privado de seres humanos.

Os homens chegaram ao Quarto Mundo através de uma abertura na terra chamada de Sipabu.

Desta abertura os povos começaram a viajar.

Vários grupos chegaram nos quatro sentidos, e logo identificaram-se por clãs, e assumiram várias responsabilidades.

Alguns destes clãs eram : Clã do Urso, o Clã do Sol, o Clã da Aranha, o Clã do Tabaco e muitos outros.

Em consequência destas migrações, as vilas foram desenvolvidas e os Hopi começaram sua história no Quarto Mundo.

Quando um recém-nascido chega a uma família, é cumprimentado por ambas as famílias dos pais.

Os nenês, durante seus primeiros vinte dias de vida, são mantidos fora do sol.

Os cabelos são lavados e abençoados com farinha de milho passada em suas faces.

Só depois disso é que a criança está pronta para ser apresentada para os parentes, para o alvorecer e para os Espíritos Hopi.

Depois de terminada a cerimônia todas as famílias são convidadas para uma festa.

Eles possuem um relacionamento normal de uma família : irmãos, irmãs, pai, mãe, tios, avós.

Mas, também são divididos pelo clã.

Além de terem uma mãe biológica, não é incomum terem outra mãe. Um Hopi pode ter muitos irmãos do clã.

As famílias Hopi são construídas numa natureza que importa-se com o mundo em torno deles.

Um dos mais velhos aborígines da Tasmânia (ilha ao sul da Austrália), chamado Tio Bul, esclareceu ao pesquisador Robert Lawlor :

Como a psique ocidental teve de pagar caro pela perda do antigo estilo de vida dos caçadores e extratores e pelo início da mecanização do campo.

O problema fundamental, explicou o velho homem a Lawlor, é que, “com a agricultura, o homem branco perdeu a capacidade de sonhar”.

Segundo os valores do aborígine, essa é uma grande perda, pois quando “o branco” ou um outro povo, perde a capacidade de sonhar, perde também um vínculo importantíssimo, que entrelaça o céu e a terra, a mulher e o homem, a natureza e a humanidade, e que possibilita uma sobrevivência prolongada da cultura e a verdadeira prosperidade.

Durante um transe, Tio Bul viu “uma rede com fios entrelaçados” nos quais se penduravam, feito pérolas, cenas do mundo real, sonhos e visões proféticas, como num filme, um aspecto do sonho original que, de acordo com a cosmo Gênese (cosmo Gênese significa doutrina da origem do mundo) do aborígine, originou nosso mundo.

O medo – o estado psíquico comum a grande parte da sociedade ocidental – “quebra cada imagem da rede invisível, deixando apenas um mundo de coisas isoladas”.

A legitimidade inata dos papéis dos sexos, para os aborígines, se originou dos três campos do tempo de sonhar em que se divide a existência: o campo dos mortos, o campo dos vivos e dos moribundos e o campo dos não-nascidos.

O resultado é descrito por Lawlor como “uma cosmologia da energia sexual”.

O campo dos mortos é o lugar celestial, para o qual os moribundos viajam após sua morte corpórea – é a esfera do universo masculino.

Lawlor diz que a energia masculina está vinculada à força da morte, à caça, ao ato de matar, ao enterro, às cerimônias, à iniciação e à comunicação espiritual com as vozes do tempo de sonhar dos ancestrais.

A força feminina, ao contrário, predomina no mundo dos vivos e dos moribundos, no mundo do concreto da natureza, do nascimento, da vida, da alimentação, do desenvolvimento e crescimento.

Os aborígines dizem que as mulheres nasceram da natureza, mas os homens foram feitos pela cultura.

A responsabilidade pelo campo dos não-nascidos – “o mundo das energias potenciais que se reúnem em torno das fronteiras da vida e que se aglomeram depois do limiar” – é dividida entre homens e mulheres.

A combinação harmônica dos três campos ao se assumir a responsabilidade dos sexos conduz a uma cultura estável com uma continuidade de cerca de 60 mil anos.

Segundo Lawlor, os papéis tanto do homem como da mulher são necessários para a continuação do mundo material. se mulheres e homens se desviam dessa defesa de prioridade e hegemonias originadas cosmologicamente, por causa do patriarcalismo e da agricultura, os resultados são catastróficos.

Na origem dos povos sempre existiu a tradição de um casal celestial, que fundou da raça humana.

Se existe um Deus, existe uma Deusa.

A maioria são casais celestiais, exceto nas religiões patriarcais, como a cristã, onde um único Deus masculino formou todas as coisas e seres.

No século XIX, muitos antropólogos, acolhendo as ideias de Darwin, defenderam a existência num tempo remoto da humanidade onde predominava o matriarcado, uma organização social inteiramente liderada por mulheres.

A Deusa foi a primeira divindade cultuada pelo homem pré-histórico.

As suas inúmeras imagens encontradas em vários sítios históricos e arqueológicos do mundo inteiro representavam a fertilidade – da mulher e da Terra.

Por ser a mulher a doadora da vida atribuiu-se à Fonte Criadora Universal a condição feminina e a Mãe Terra ornou-se o primeiro contato da raça humana com o divino.

O caráter tríplice da deusa (associada à Lua) se revela-se em três níveis e nos três domínios do mundo e da humanidade.

Assim, como o homem também é tríplice tendo corpo, alma e espírito.




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Leo Artese

Estudioso de Xamanismo com iniciações no E.U.A., Peru e Brasil. Master Pratictioner em PNL Sistêmica e Profissional Personal Life Coach. Terapeuta Holístico, Acupunturista, Professor de Comunicação Verbal, formado em Locução e Radialismo e Contador de Histórias. Conduz jornadas cerimônias, ritos, grupos de estudos e oficinas de Xamanismo desde 1991. Fundador e Diretor do Espaço – A Kiva Urbana e do Centro de Estudos de Xamanismo Voo da Águia. Criador do Movimento “Xamanismo Universal” e das Jornadas Xamânicas Voo da Águia (Calendário Sagrado) Fundador e Presidente do Centro Eclético da Fluente Luz Universal Céu da Lua Cheia – Santo Daime. Proprietário do portal Xamanismo.com.br. Escritor dos livros: O Voo da Águia – Uma iniciação aos mistérios e Magia do Xamanismo e O Espírito Animal Idealizador dos Encontros Brasileiros de Xamanismo (EBX) e das Viradas Musicais Xamânicas (VMX) Criador do Projeto “Xamanismo Sem Fronteiras”, divulgando o Xamanismo Universal na América Latina, Europa , América do Norte, Caribe. Lider da Aliança Internacional de Xamanismo Universal (IAUSH). Site: http://www.xamanismo.com.br/ Facebook: https://www.facebook.com/xamanismo.com.br

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