OS ENSINAMENTOS DE JESUS E A TRADIÇÃO ESOTÉRICA CRISTÃ IV
OS ENSINAMENTOS DE JESUS E A TRADIÇÃO ESOTÉRICA CRISTÃ IV
Raul Branco
A postura necessária para o estudo dos ensinamentos esotéricos
Se por um lado existe uma natural curiosidade por parte de todo cristão em conhecer os ensinamentos internos de sua tradição, devemos estar preparados para o fato de que esses ensinamentos nem sempre estarão de acordo com nossas idéias tradicionais.
Na verdade, parte dos conceitos ortodoxos deverão ser modificados e, em alguns casos, até mesmo abandonados, à medida que adquirirmos um entendimento mais sólido do lado esotérico dos ensinamentos de Jesus.
Esse é o processo natural de amadurecimento de todo indivíduo.
As noções que governam a atitude das crianças em seus primeiros anos de interação com o mundo exterior, dão geralmente lugar a conceitos mais abrangentes e complexos quando o jovem adulto está suficientemente amadurecido em sua capacidade intelectual e emocional.
Um processo semelhante ocorre em nossa vida espiritual.
Para que o devoto possa crescer espiritualmente, deve aprender a entender o sentido esotérico subjacente às doutrinas aceitas literalmente como dogmas de fé.
Nessa busca, o leitor verdadeiramente interessado deve estar disposto a investigar a simbologia bíblica.
Essa disposição implica numa atitude de flexibilidade e tolerância para com idéias e argumentos diferentes dos aceitos até então.
O verdadeiro estudioso deve submeter todo conceito e argumento, tanto tradicional como não-ortodoxo, ao crivo da razão e, a seguir, à avaliação do coração.
O devoto que adotar essa postura espiritualmente sadia estará chamando em seu auxílio o Cristo interior, que derramará suas bênçãos na forma de inspiração para a compreensão mais profunda das verdades transformadoras de nossa tradição.
Com isso ele sentirá uma profunda alegria ao efetuar uma leitura crítica, que lhe permitirá construir paulatinamente, e de forma consciente, o arcabouço doutrinário e prático de sua transformação espiritual.
Isso significa que o leitor deve adotar a postura do cientista que, ao iniciar um novo projeto de pesquisa, adota uma série de hipóteses de trabalho, que serão investigadas e testadas.
Caso essas hipóteses facilitem o avanço da pesquisa e sejam confirmadas por testes posteriores, então, e só então, poderão ser promovidas de hipóteses a premissas para a implementação da parte prática que permitirá a conclusão do trabalho.
A atitude “científica,” apesar de atraente e lógica, é difícil de ser adotada na prática.
Todos nós interagimos com o mundo a partir de um grande número de condicionamentos, a maior parte dos quais inconscientes.
Nossa mente racional pode estar disposta a considerar uma determinada linha de raciocínio, porém, nossos sentimentos, que são governados pelo inconsciente, usurpam muitas vezes a atribuição da razão e rejeitam os argumentos lógicos tão logo percebem que esses podem ameaçar a segurança de nossa estrutura de valores.
Isso explica a natureza intrinsecamente conservadora de todo ser humano.
Resistimos à mudança porque toda mudança implica numa revolução interior que demanda algum compromisso com a verdade.
Esse compromisso implica em humildade para aceitar a possibilidade de que alguns de nossos mais estimados conceitos foram construídos sobre a areia e, finalmente, uma coragem extraordinária para enfrentar a resistência inicial de nosso ego orgulhoso e inseguro.
Os meandros da mente são muitas vezes desconcertantes para o iniciante.
Um profundo estudioso da matéria escreveu: “A mente formal assemelha-se a um ditador de um estado autoritário.
Tal dirigente não pode, não ousa, tolerar qualquer interferência de outros no seu despotismo ou sugestão de controle sobre ele, porque se isso prosperasse a sua ditadura eventualmente terminaria.
No que concerne à manutenção de seu sistema e ao controle das mentes cegas de seus membros, a ortodoxia religiosa estreita e defensiva está precisamente na mesma posição.
Todo dogmatismo em assuntos religiosos surge do medo e desse impulso para o poder e sua preservação.”
Outros artigos interessantes deste mesmo autor:
- OS ENSINAMENTOS DE JESUS E A TRADIÇÃO ESOTÉRICA CRISTÃ I
- OS ENSINAMENTOS DE JESUS E A TRADIÇÃO ESOTÉRICA CRISTÃ II
- OS ENSINAMENTOS DE JESUS E A TRADIÇÃO ESOTÉRICA CRISTÃ III
- OS ENSINAMENTOS DE JESUS E A TRADIÇÃO ESOTÉRICA CRISTÃ V
- OS ENSINAMENTOS DE JESUS E A TRADIÇÃO ESOTÉRICA CRISTÃ VI
- OS ENSINAMENTOS DE JESUS E A TRADIÇÃO ESOTÉRICA CRISTÃ VII