OS ENSINAMENTOS DE JESUS E A TRADIÇÃO ESOTÉRICA CRISTÃ V
OS ENSINAMENTOS DE JESUS E A TRADIÇÃO ESOTÉRICA CRISTÃ V
Para o estudante de esoterismo, toda e qualquer proposição tanto doutrinária quanto filosófica deve ser tomada como hipótese de trabalho da mente concreta.
Até que, assim, ele alcance o estado místico que lhe permita conhecer diretamente a verdade.
Quando em profunda contemplação ele passar a comungar com a Luz, então, e só então, poderá saber com
toda certeza as verdades que transcendem a mente intelectiva e que pertencem ao âmbito do que chamamos
de intuição (buddhi, em sânscrito).
É esse conhecimento que os antigos chamavam de gnosis,
o conhecimento direto da verdade que é alcançado com a iluminação, e que, dessa forma, gera uma fé inabalável.
Assim sendo, as proposições doutrinárias e de ordem filosófica neste livro devem ser consideradas como secundárias.
O importante são os ensinamentos transformadores, que poderíamos chamar de metodologia para a
transformação do homem velho no homem novo.
Quando tivermos nascido de novo, iluminados pelo Cristo interior,
estaremos capacitados a reavaliar nossas premissas anteriores para, então, estabelecer nossa
fundamentação filosófica com base na Verdade e não mais em hipóteses.
Este livro procura oferecer ao cristão dedicado essa metodologia transformadora que, se devidamente
utilizada, pode levar o devoto ao estado experimentado pelo apóstolo Paulo quando disse:
“Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim” (Gl 2:20).
Todas as considerações filosóficas ou doutrinárias do livro devem ser consideradas como meras
hipóteses.
Dessa maneira, servindo como elementos auxiliares no desenvolvimento de uma estrutura referencial que
acreditamos ser lógica e sequenciada.
O estudante que estabelecer como meta a sua transformação interior,
não se deixando limitar ou intimidar por argumentos filosóficos ou teológicos, poderá deixar, então, para
mais tarde as decisões doutrinárias.
Quando estiver capacitado pela iluminação transformadora a pronunciar-se sobre esses pontos de forma definitiva.
O Mestre deve ter tido isso em mente quando nos disse:
“Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (Jo 8:32).
Apresentamos a seguir as principais hipóteses que foram usadas para nortear o trabalho.
Estas hipóteses serão examinadas com mais detalhes ao longo do texto:
1. O objetivo de todo ministério de Jesus foi alertar a humanidade para a realidade do Reino, bem como ensinar os homens como alcançá-lo, retornando à Casa do Pai.
2. Para chegar ao Reino, ou seja, para alcançar a perfeição, o homem deve encontrar e trilhar o Caminho ao longo de todas as suas etapas.
3. A maioria das pessoas ainda não despertou para a realidade do Caminho, pois estão mergulhadas na vida material e sensual, sem o menor interesse na vida espiritual.
4. O Caminho tem três grandes etapas, que poderiam ser chamadas de religiosa, espiritual e mística.
Essas etapas têm um estreito paralelo com as três grandes fases da vida do homem: infância, vida adulta e maturidade.
Nem todos os homens chegam a última etapa em sua plenitude, envelhecendo sem tornarem-se sábios, muitos agindo como crianças em idade avançada.
5. Na infância a criança deve ser não só conduzida, mas também protegida por seus pais e tutores,
enquanto está sendo preparada para enfrentar a vida adulta por seus próprios meios.
Nessa etapa a criança caracteriza-se por sua relativa subserviência, passividade e crença no poder e
sabedoria de seus mentores, valendo-se principalmente da emoção como instrumento de resposta ao mundo.
O caminho religioso tradicional eqüivale à infância da humanidade, em que os fieis são conduzidos pelos
sacerdotes, como representantes do Pai Celestial e da Madre Igreja.
E assim, crendo em dogmas e obedecendo os mandamentos e as regras estabelecidos.
As práticas religiosas são fundamentadas essencialmente no aspecto emotivo da natureza humana.
6. A primeira grande transformação da criança ocorre na adolescência, um período caracterizado,
entre outras coisas, pela rebeldia.
Essa rebeldia, dentro de certos limites, é saudável, pois prepara o jovem para pensar e agir por conta
própria, tanto usando a razão quanto desenvolvendo o discernimento.
Um período de transição semelhante também ocorre com o devoto que começa e sentir-se insatisfeito com
a vida emocionalmente protegida dentro de sua religião.
Dessa maneira, ele começa a se rebelar contra a doutrina estabelecida e a obediência às regras e à
autoridade religiosa constituída.
Esse período é extremamente penoso e eivado de contradições, mas é essencial para a entrada na próxima etapa do Caminho.
É caracterizado por uma insatisfação essencial que leva à busca da verdade.
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