A vida mística II – Raul Branco

A vida mística II – Raul Branco

Podemos dizer, no entanto, que os místicos depois de serem tocados pela realidade interior, passam a ser movidos por uma ânsia de amor. Um desejo insopitável de repetir aquela experiência inicial. E aprofundá-la cada vez mais. Até alcançar o que eles sentem ser a realidade última. E a percepção desta realidade viria com a iluminação.

I – As diferentes intensidades da iluminação:

A iluminação é o aspecto central da experiência mística. Sabemos que iluminação ocorre em diferentes intensidades. Estamos acostumados a estas diferentes intensidades em nosso mundo material. Pois conhecemos a diferença da luz de uma pequenina lanterna e as lâmpadas de nossas residências de 40, 60, 100, 150 watts. E assim por diante, até os holofotes com sua luz potentíssima.

Porém, até mesmo a luz do mais potente holofote é uma coisa insignificante comparada com a luz de um raio. Ou com a luz do sol. Então, assim como em nosso mundo percebemos a luz com diferentes graus de luminosidade, numa experiência mística, a iluminação ocorre em diferentes intensidades.

No entanto, temos a tendência a pensar sobre os místicos como “pessoas iluminadas”. E com isto englobamos todos como se estivessem na mesma categoria, o que não é verdade. Eles realmente são irmãos que fizeram um considerável avanço na Senda da Perfeição em busca da verdade última. Mas isto não significa necessariamente que alcançaram a realidade última.

II – A realidade última:

Vemos no clássico livro “Luz no Caminho” as palavras portentosas: “entrarás na luz mas jamais tocarás a chama”. A pessoa que entra no caminho espiritual vai se adentrando cada vez mais na realidade última sem jamais tocá-la. Ou seja, sem alcançar aquela chama que é a fonte da qual promana a luz. No entanto, todos os místicos que chegam aos estados mais elevados da experiência mística dizem que entraram em comunhão com Deus e finalmente se uniram a Deus.

Seria útil examinarmos mais atentamente esta expressão: “se uniram a Deus”. Quando uma pessoa se une a Deus ela torna-se Um com Deus. E, portanto, passa a ser como Deus. Será que o nosso coração realmente aceita isso? Na tradição cristã em que a maior parte dos brasileiros foi educada, fomos condicionados a pensar que somos vis pecadores. Conquanto indignos de nos aproximarmos de Deus, o Pai todo poderoso. Com isto criando um hiato, na verdade um abismo entre o ínfimo, vil pecador e o Pai todo poderoso que habita no céu.

Sendo assim, não seria uma heresia dizer, como místicos, que nos tornamos Deus? Dentro da ortodoxia poderia parecer isto. No entanto, alguns grandes místicos que dentro da tradição cristã são considerados como santos: Santo Agostinho, São Paulo, Santa Teresa, São João, São Francisco, para citar os mais conhecidos. Inegavelmente  disseram que se tornaram um com Deus. Quem se torna Um com Deus, se torna como Deus.

III – O casamento divino:

É interessante lembrar que na tradição mística fala-se que a última etapa do caminho místico é conhecida como o casamento divino. A câmara nupcial, a deificação, a união com Deus. Mas ainda que haja essa experiência de deificação, de união com Deus, essa união parece jamais chegar ao seu ponto último. É dito na tradição esotérica, por exemplo, que um Mestre de Sabedoria é aquele que esgotou o seu aprendizado na forma humana. Alcançou a quinta iniciação.

Mas é dito que existe uma sexta iniciação e mesmo uma sétima iniciação e até mesmo uma oitava iniciação (a do Senhor Buda). É dito, também, que o Senhor do Mundo teria alcançado uma nona iniciação. Convém pararmos aqui.

Não porque param as iniciações mas porque, provavelmente, a experiência destes grandes Seres transcende a experiência do nosso sistema solar, do nosso Logos Solar. Mas como é dito que o nosso Logos Solar seria o equivalente ao Ser Espiritual do nosso sol material. Se existe um Logos Solar, deve haver um Logos da constelação na qual o nosso sol se insere. Deve haver também um Logos da galáxia que conhecemos como a Via Lactea.

Pela mesma razão, deve haver um Logos de um grupo de galáxias, como deve haver Logo de grandes grupos de galáxias e assim por diante até o Supremo Logos do universo como um todo. Isto significa que não há limite para a experiência interior. Não há limite para o conhecimento que é o objetivo último na experiência mística.




Outros artigos interessantes deste mesmo autor:

Deixe seu like e siga nossa Rede Social:
0

MeiodoCeu

material originário do antigo site Meio do Céu - Claudia Araujo, hoje denominado Grupo Meio do Céu - Claudia Araujo e composto por diversos novos colunistas. Essa é uma maneira de preservar o material do antigo site, assim como homenagear aqueles que não mais escrevem no site e/ou não mais estão entre nós nesse plano da existência. Claudia Araujo

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *