A realidade do mundo dos sonhos nos tempos antigos e hoje Parte IV
A realidade do mundo dos sonhos nos tempos antigos e hoje
Parte IV>>
(O livro dos Segredos de Enoch 1: 4-8)
Os homens que Enoch viu em sonho estavam na cabeceira de sua cama.
Ao acordar, ele diz ter visto os mesmos homens à sua frente.
De acordo com o relato, parece haver ocorrido uma sincronicidade: ele sonhou com algo. E logo em seguida vivenciou a mesma cena no mundo externo.
Os homens vistos por Enoch em sonho eram os que estavam em pé próximo à sua cama quando ele acordou.
A realidade do mundo dos sonhos nos tempos antigos e hoje – Visão de Isaias
Um contato com o mundo espiritual na ausência da vigília pode ser encontrado em uma revelação de Isaías. O profeta teve uma visão durante a qual perdeu os sentidos externos.
Ele se manteve em silêncio e foi dado como morto pelos que o observavam:
“E enquanto Isaías falava sob a inspiração do Espírito Santo. E todos o escutavam no mais profundo silêncio. O seu espírito foi elevado acima dele mesmo, e ele não mais enxergou os que estavam em pé diante dele.
E seus olhos permaneciam ainda abertos. Mas a sua boca não proferia mais palavras, e o seu espírito foi levado acima dele mesmo.
Ele, no entanto, vivia ainda; mas estava imerso numa visão celeste.
A realidade do mundo dos sonhos nos tempos antigos e hoje – Visão de outro mundo
E o anjo que lhe fora enviado para revelar-lhe esta visão não era um anjo deste firmamento.
Portanto, nem um desses anjos gloriosos deste mundo: era um anjo descido do sétimo céu.
E o povo que se encontrava com a assembléia dos profetas. Acreditou que a vida de Isaías tinha sido subtraída.
E a visão do santo profeta não foi deste mundo aqui. Mas uma visão do mundo misterioso no qual não é permitido ao homem penetrar.”
(O Livro da Ascensão de Isaías 6: 10-15)
De acordo com o escrito, nos momentos que os olhos de Isaías deixaram de captar as pessoas à sua frente.
Certamente ele tinha uma visão de outro mundo, misterioso e impenetrável.
Seus olhos se mantiveram abertos durante o contato. Um possível indicador de que seu estado era o de um sonâmbulo ou algo semelhante.
O fato do povo reunido julgá-lo sem vida. Definitivamente é um indicador de que certas funções corporais típicas de quem está vivo, como o movimento e a fala, haviam sido suspensas (cadáveres normalmente não se movem).
O estado do seu corpo não era de vigília uma vez que não havia consciência desta realidade externa.
A realidade do mundo dos sonhos nos tempos antigos e hoje – Uma ponte para a espiritualidade
A mesma ausência de consciência ocorre no sono usual.
Assim no sonambulismo, no desmaio, na meditação, no transe ou no coma.
Por isso em todos esses estados o funcionamento das exopercepções é interrompido e o corpo desfalece.
Entendo que sua consciência deixou o mundo externo e penetrou na dimensão onírica.
Consequentemente fez algo muito próximo disso, pois o profeta não dava sinais de estar acordado.
O universo onírico existe paralelamente ao físico sob a forma psíquica (os mundos interno e externo são simultâneos e paralelos).
Assim é que em geral, quando se abandona um se vai para o outro.
Em todo caso, o mundo acessado nessa experiência foi considerado real. O que favorece a afirmação de que os antigos não depreciavam a realidade interior.
Como se vê, os estados em que a consciência deixava o corpo físico eram a ponte para a realidade espiritual.
A realidade do mundo dos sonhos nos tempos antigos e hoje – Portais
As experiências que se tinha durante o sono funcionavam como portas ou “portais”.
Através dos quais o homem poderia contatar outras realidades, distintas da usual.
O universo além dos limites do estado de vigília não era considerado irreal. Nem visto como algo que tivesse uma existência vaga e ilusória. Ou, para ser mais exato, uma pseudoexistência.
O fato de ser tratado como uma forma de manifestação divina demonstra que esse mundo era tomado em consideração seriamente.
A experiência mística era obtida enquanto se dormia.
E nesse estado se poderia obter a autoridade de quem teve uma revelação de Deus.
Autor: Cleber Monteiro Muniz
Outros artigos interessantes deste mesmo autor:
- SERMÃO DA MONTANHA III – As Bem-Aventuranças
- A realidade do mundo dos sonhos nos tempos antigos e hoje
- A realidade do mundo dos sonhos nos tempos antigos e hoje Parte II
- A realidade do mundo dos sonhos nos tempos antigos e hoje Parte III
- A realidade do mundo dos sonhos nos tempos antigos e hoje Parte V
- A Vida Mística I – Raul Branco