Virgem, reflexões sobre o signo

Virgem, reflexões sobre o signo>> Sol em Virgem e algumas reflexões sobre o signo.

Conquanto conhecido basicamente como crítico, de fato, o signo de Virgem tem sido de uma certa forma injustiçado pela Astrologia em geral.

As descrições que se faz dele são de tal forma destituídas de profundidade e analogamente, a tal ponto simplistas, que nos fazem refletir sobre haver algo por trás em termos de padrão arquetípico.

Portanto, algo  que não conseguiu ainda ser captado por nós.

O fato desse signo dividir com Gêmeos sua regência mercurial, já começa a complicar esse processo.

A maior parte dos atributos relativos a Gêmeos por pertencerem ao domínio de Mercúrio, não se coadunam com Virgem.

Ademais, os dois signos fazem entre si um aspecto de quadratura. Portanto,  por si só já nos faz perceber um sério conflito entre os dois padrões.

Poderíamos considerar Gêmeos critico? Sim, entretanto, de uma maneira bastante diversa de Virgem

Em Gêmeos a crítica está muito mais ligada à uma função meramente intelectual que muitas vezes nada tem de positiva.

É a crítica pela crítica, pela vontade de falar. Sobretudo, mais do que falar, mostrar-se entendido em todos os campos do saber.

Em Virgem, certamente, não encontraremos esse anseio.

Virgem prima pela discreção, por não querer aparecer, assim como por fazer parte da engrenagem. Ele não se importa no quanto se destaca dela.

Ele quer sobremaneira contribuir com ela.

Há mesmo um tom de modéstia no signo, e até, muitas vezes, timidez.  Ao contrário de Gêmeos, em nada tímido, e até meio irrefletido ao se colocar.

Existe uma outra diferença marcante que se constitui no fato de Gêmeos poder ser considerado um ser gregário, social em excesso.

Enquanto que, Virgem é um solitário, mesmo fazendo parte da engrenagem; ele desliza entre ela, porquanto,não borboleteia como Gêmeos.

Tenho pensado em Virgem e nos virginianos que povoaram minha vida e, começo a olhá-los de forma diversa

É certo que esse signo fecha o segundo quadrante inferior da mandala, encerra o que chamaríamos de setor pessoal do mapa.

Depois dele, é o ser entrando em sociedade; e certamente, Virgem como que nos prepara para entrar e participar dela, em Libra.

Pensemos então na crítica virginiana, é como se ele tivesse por função, nos aprimorar individualmente.

Cumpre o objetivo de nos aprimorar, para que ingressemos na sociedade em geral mais perfeitos, mais capazes e mais aptos para enfrenta-la, já tendo feito as correções necessárias.

Me recordo muito da atuação de minha avó virginiana em minha infância e juventude.

Muitas vezes eu fazia algo, criava algo, e geminianamente ( esse é meu ascendente) jogava no mundo minha criação, sem muito senso crítico, sem muita depuração, sem muita revisão.

Minha avó vinha, elogiava, e apontava “os defeitos”.

Invariavelmente esbarrava em minha mãe que dizia que assim ela não me incentivava, ela me travava.

Hoje percebo o quanto me incentivava sim, mas para ser algo melhor, mais aperfeiçoado, e assim, corrigir meus erros antes que o mundo lá fora o fizesse.

Era uma postura de depuração, de incentivo ao crescimento, uma coisa meio iniciática.
Ela me impulsionava a ser melhor, a ter mais armas para enfrentar o mundo lá fora, a sair do amadorismo para ser mais profissional, mais completa.

Ela não me mantinha aprisionada à infância, me alavancava para a maturidade com todas as exigências do mundo adulto.

Depois de minha avó, muitas outras figuras virginianas povoaram minha vida.

Em outras dimensões do se relacionar, já adulta, pude perceber com clareza o quanto me incentivaram e incentivam, em meu crescimento pessoal.

Não pelo aplauso irrefletido, não por geminianamente desejarem estar bem com tudo e com todos – e até comigo, mas muito mais por mesmo podendo desagradar, me incentivarem com uma postura crítica em relação à minha caminhada.

Eles me ajudaram a enfrentar o mundo e a fazer as correções necessárias para essa empreitada.

Há um tom de confiabilidade nesse signo, de construtividade, de depuração, de agregação de valores mais firmes e mais duráveis.

Quando penso em Virgem, penso na celeuma Quíron, e percebo o quanto esse arquétipo se encaixa em Virgem

Quíron o nosso centauro, não apenas era versado nas artes da cura, mas também nas outras áreas do saber, ele depurava e preparava os filhos dos nobres para enfrentarem o mundo de um modo geral.

Como não era capaz de curar-se da ferida com veneno mortal que o afligia, também não usufruía ele mesmo em sociedade desses atributos que possuía e repassava aos outros em geral.

Era um ser solitário, e apenas fazia parte das florestas da Trácia onde vivia, entre os de sua espécie.

Meio homem, meio animal, um imortal, não pertencia integralmente ao mundo dos outros centauros, assim como não pertencia ao mundo dos deuses imortais, nem dos homens mortais.

Vivia cá e lá, depurava os mundos, fazia com que todos eles crescessem e melhorassem.

Virginianamente. preparava os outros seres para esse convívio social do qual não desfrutava ele mesmo.

Um pouco desse mito

Quíron era filho de Cronos com Filina.

Seu pai se uniu à sua mãe sob a forma de um cavalo. Dessa união nasceu Quíron meio homem-meio cavalo.

Herdou a imortalidade de seu pai e morava nas Florestas da Trácia entre os outros centauros.

Vivia sozinho numa gruta do Monte Pélion. Era versado em muitas artes.

Certa vez foi ferido inadvertidamente por Héracles através de uma flecha embebida com o sangue da Hidra. Foi um ferimento mortal.

Entretanto, Quíron não poderia morrer, pois era um imortal. Sua ferida também não poderia cessar, pois o veneno era mortal.

Viveu todo o tempo a dualidade da natureza. De um lado homem, do outro animal.

De um lado um imortal, do outro, o portador de um ferimento mortal.

De um lado o curador, do outro, um ser ferido.

De um lado o Mestre apto a preparar os seres a enfrentarem a sociedade e o mundo em geral, do outro, um ser solitário que habitava uma caverna em um monte.

Quíron ensinou a sabedoria da terra, as maneiras e a arte da cura aos jovens filhos dos reis.

Muitos foram os heróis que passaram por suas mãos, dentre eles, Peleu, Aquiles, Asclépio, Jasão, Ácteon, Nestor, Céalo, Iolau, Polinice, etc..

Ensinava aos jovens, a mântica, caça, equitação, a lira, o arremesso de dardos, as artes curativas, os esportes em geral.

Muitas eram as suas qualificações. Era o grande iniciador-educador desses heróis.

Nas palavras de Junito Brandão em seu Mitologia Grega da Editora Vozes, vol III:

” mais que tudo, no entanto, o fato de ser Quíron um médico ferido, um xamã e residir numa gruta, evocam, de pronto, sua função mais nobre e indispensável aos jovens “históricos”, mas sobretudo aos heróis míticos, a saber, a ação de faze-los passar por ritos iniciáticos, que outorgavam aos primeiros o direito à participação na vida política, social e religiosa da pólis e aos segundos, a indispensável indumentária espiritual para que pudessem enfrentar a todos e quaisquer monstros”

Poderia ser mais apropriado um mito como o de Quíron para fechar o hemisfério inferior da mandala astrológica, o ciclo individual?

Depois de Quíron, estamos prontos para nos relacionar com o outro, e com o mundo em geral.

Fica a reflexão, mas atentem para o fato de que não foi abordado sua sombra Peixes, apenas seu aspecto luz, e antes de chegar a esse ponto é em Peixes que terá que se confrontar com sua sombra .

imagem destacada: Virgo por Alphonse Mucha



Outros artigos interessantes deste mesmo autor:

Deixe seu like e siga nossa Rede Social:
0

Claudia Araujo

Aquário com Gêmeos, sou muitas e uma só. Por amar criar com as mãos, sou designer de biojóias e mantenho o site terrabrasillis.com, assim como pinto aquarelas e outras ¨manualidades¨. Por não me entender sem a busca do mundo interno do outro, sou astróloga com 4 anos e meio de formação em psicologia analítica sob a supervisão de José Raimundo Gomes no CBPJ – ISER e já mantive por anos o site Meio do Céu. Nessa nova etapa mantenho o site grupomeiodoceu.com. Dou consultas astrológicas e promovo grupos de estudo de Jung e Astrologia, presenciais e online. São várias vidas vividas numa única existência, mas minha verdadeira história começa aos 36 anos, e o que vivi antes ou minha formação acadêmica anterior, já nem lembro, foi de outra Claudia que se encerrou em 1988. Só sei que uso cotidianamente aquilo em que me tornei, e busco sempre não passar de raspão pelo mapa astrológico do outro. Mergulhar é preciso, e ajudar o outro a se transformar, algo imprescindível. Só o verdadeiro autoconhecimento pode gerar transformação. Não existe mágica, e essa autotransformação não ocorre via profissional, mas apenas através do real interesse do cliente em buscar reconhecer como se manifesta em sua vida cotidiana e qual seu potencial para a transformação. Todos somos mais do que aquilo que vivenciamos. A busca deve passar sempre pelo reconhecimento daquele eu desconhecido que em nós mesmos habita. A Astrologia é um facilitador nessa busca porque nela estão contidos tanto nossos aspectos luz quanto sombra. Ela resolve nossos problemas? A resposta é não. Ela apenas orienta no sentido do reconhecimento de nossa totalidade. A busca é do cliente. A leitura é do astrólogo, mas só o cliente poderá encontrar o caminho de sua totalidade e crescimento responsável. websites : www.terrabrasillis.com e www.grupomeiodoceu.com Fale com Claudia direto no Whatsapp

Um comentário em “Virgem, reflexões sobre o signo

  • agosto 29, 2019 em 9:59 pm
    Permalink

    Também reflito sobre esse signo e mitos. Perséfone. Vesta. Ceres. Tens mais artigos sobre Quiron, astrologia ou mitologia. Jung? obrigado.

    Resposta

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *