Suicídio II

Suicídio II

Quero agradecer ao Frei Walter o generoso convite para realizar a homilia de domingo, 08.09.2019. Foi uma inestimável surpresa.

Preparei o texto abaixo para ler diante da assembléia.

No que eu só posso considerar como uma ação livre do Espírito Santo.

Minhas considerações preliminares ganharam intensidade tão espontânea que deixei de lado o texto escrito e permiti que a Palavra fluísse, segundo a beleza da Graça.

De qualquer modo, achei que deveria publicar o texto escrito.

SUICÍDIO E TRANSTORNOS MENTAIS

MUITOS especialistas afirmam que a maioria dos casos de suicídios estão relacionados a TRANSTORNOS MENTAIS. DIAGNOSTICADOS ou não DIAGNÓSTICOS, TRATADOS INCORRETAMENTE ou não TRATADOS de MANEIRA ALGUMA.

Entretanto, eu não estou tão convencido da simplicidade da fórmula acima.

É muito fácil patologizar quando desconhecemos as raízes de determinadas motivações.

A expressão TRANSTORNO PSIQUIÁTRICO pode impressionar. Contudo, não diz muito sobre o mar de emoções em frenética ebulição no mundo invisível do indivíduo.

Essa pressão que a alma faz, se não for ouvida e compreendida volta-se contra ela mesma. Consequentemente, empurrando o indivíduo para própria morte.

MAS no meio de TANTA TRISTEZA uma luz de ESPERANÇA brilha no firmamento de nossa psique APONTANDO o caminho. Não dá morte, mas outrossim, da VIDA.

A OMS afirma CATEGORICAMENTE que o suicídio PODE ser tanto PREVENIDO quanto ser EVITADO através do

primeiro) diagnóstico correto do TRANSTORNO MENTAL,

segundo) da MEDICAÇÃO ADEQUADA,

terceiro) do tratamento PSICOLÓGICO CORRETO e,

o que é fundamental para tudo isso funcione,

quarto) o APOIO da FAMÍLIA.

Circuitos afetivos decerto salvam vidas.

Para acabar com o VERGONHOSO silêncio sobre essa CATÁSTROFE o Centro de Valorização da Vida (CVV), o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) lançaram desde 2015 a campanha SETEMBRO AMARELO.

A ideia do SETEMBRO AMARELO é PROMOVER EVENTOS.

Eventos como esse aqui na IGREJA APARECIDA. Uma Igreja sintonizada com os GRANDES CONFLITOS que angustiam o ser HUMANO.

Honrando a sua vocação cristã de amar o próximo essa Igreja pela iniciativa do Frei Walter abre esse ESPAÇO SAGRADO para uma conversa FRANCA sobre SUICÍDIO, rasgando de uma vez por todas a CORTINA de MEDO que NOS EMUDECIA e que nos obrigava a silenciar diante da tragédia anunciada, não raramente dentro de nossa própria casa.

Parece que TÍNHAMOS medo de que se falássemos sobre esse ASSUNTO atrairíamos a TRAGÉDIA para perto de nós.

Ora, é justamente o contrário. Se PERDEMOS o MEDO de falar ABERTAMENTE sobre SUICÍDIO podemos evitar a TRAGÉDIA!

O nosso pânico é tão grande que construímos uma série de mitos sobre o suicídio, com o intuito de minimizar o perigo e esvaziar nossa angústia.

Diz-se que pessoas que ameaçam se matar estão apenas querendo chamar a atenção. Contudo, isso Não é verdade.

As pessoas que dizem que querem se matar estão sofrendo muito e implorando por ajuda. Devemos levar a sério as ameaças que fazem contra a sua própria integridade.

Recentemente a blogueira e estudante de psicologia Alinne Araújo jogou-se do alto do prédio onde morava.

Ela avisou à mãe que iria se matar!

Em entrevista aos jornais a mãe de Alinne admitiu que não acreditava que a filha fosse capaz de suicidar-se, mas ela foi.

Uma outra tolice na qual acreditamos afirma que a pessoa que quer realmente se suicidar não avisa.

Isso também não é verdade.

Só muito raramente o suicídio é uma ato impulsivo isolado.

As pessoas que se suicidam pensam em suicídio constantemente e comunicam seu sofrimento diariamente a outras pessoas.

Um outro equívoco é que achávamos que o suicídio é algo que só ocorre com o outro.

Mas a verdade é que qualquer pessoa sob sofrimento agudo pode pensar em tirar a própria vida.



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José Raimundo Gomes

J. R.GOMES é psicólogo clínico no Rio de Janeiro. Tem consultório na Tijuca e na Barra. Contato: jrgomespsi@yahoo.com.br / WhatsApp: 21.98753.0356

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