Círio de Nazaré: entre o sagrado e o profano

Círio de Nazaré: entre o sagrado e o profano, a diversidade cultural avança.

🎶No mês de outubro, em Belém do Pará são dias de alegria e também de muita fé. Começa com uma intensa romaria matinal, o Círio de Nazaré. Que maravilha a procissão e como é linda a Santa em sua berlinda. E o romeiro a implorar pedindo à Dona em oração para lhe ajudar🎵 .Samba enredo 1975. Festa do Círio de Nazaré. G.R.E.S. Estácio de Sá.

Primavera quando se aproxima, logo é mês de outubro, mais um Círio de Nossa Senhora de Nazaré

Já são 226 anos de tradição. Uma homenagem que une diversos cantos do estado paraense, também do país. Tudo em volta de uma imagem.

A imagem de Nossa Senhora de Nazaré. São cerca de 3,6km. Mais de dois milhões de pessoas, isso só no dia da procissão. Mas contudo, não é uma festa católica. É de todos, não tem lado, nem partido.

É nessa homenagem que literalmente se apresenta o sincretismo religioso da Amazônia.

Estudado pelo Prof. Dr. Raymundo Heraldo Maues, enquanto que identifica o homem da Amazônia, o chamado caboclo ou caboco. Visto que esse se reconhece como católico, vai à missa vez ou outra.

Ao mesmo tempo que vai ao terreiro de umbanda ou pajelança para também falar com os caboclos do mata. Também tomar passes, e sobretudo, fazer trabalhos para abrir caminhos.

Esse homem batiza o filho na igreja católica, mas quando o bebê encontra-se acamado, procura a rezadeira para tirar o quebranto.

Ou seja, desfazer o mau-olhado ( a doença), é esse homem que construiu a procissão. É ele quem puxa a corda da berlinda sofrendo e, daí, revive o sofrimento de Cristo. A corda, um dos maiores símbolos do Círio, por exigir grande sacrifício físico e fé, une várias religiões. Porque nela sofrem juntos o católico e o povo de Axé.

O católico porque é uma procissão de santo, já o afro religioso porque é uma obrigação do santo.

Mas do lado de fora, entre tantos, também se encontra a presença do evangélico. Esse participa tanto na distribuição de garrafinhas quanto de copos de água.
Para aplacar a sede e o calor do ambiente (outubro é o mês mais quente do ano em Belém, chega aos 40°), quanto no oferecimento de café da manhã aos promesseiros, estão presentes pessoas oriundas de cidades próximas à Belém. Suas  promessas consistem em caminhar todos os anos de sua cidade à Basílica de Nossa Senhora de Nazaré.

A Basílica fica no centro da capital paraense.

É nessa epopeia aquariana que une todas as tribos, que a procissão para no intuito de ouvir as diversas homenagens.

No longo percurso, apenas cantam músicas católicas.

Contudo, nos dias que antecedem a festa, sem dúvida, pipocam festas profanas. Os cantores são de diversas religiões.

Uma delas é a apresentação cultural chamada Auto do Círio.

Ela acontece nas ruas do centro histórico da cidade, envolve apresentação teatral. Dela constam centenas de atores, assim como bailarinos  e demais profissionais. Também tem o povo de Axé, da banda sinfônica, de erudito, popular, folclórico e carnavalesco. Enfim,  todos que contribuem ou se preocupam com a cultura da Amazônia. Imagina a diversidade!
É boto no mesmo espaço que babalorixás, bailarina dançando com religioso, tudo junto e misturado.
A Matinta Perera dançando ao som do maestro Waldemar Henrique, logo depois, ritmistas de escolas de samba continuam a festa. Não me recordo de assistir, ao vivo ou pela TV, nada que se compare a essa miscelânea cultural evocada pela “santinha”.

Nem mesmo que se apresente um sincretismo religioso tão harmônico.

O que prova que é possível vislumbrar um futuro de união por algo maior. Em que vários grupos se relacionem diretamente movidos por um interesse de todos ( totalmente Plutão em Aquário) como é o Círio de Nazaré.
É intenso, é mágico. Porque é a fé no poder invisível capaz de transformar a realidade cruel do povo do Norte do país.
Mas seguimos tendo fé em Nossa Senhora de Nazaré, a Nazica, a Santinha. E que venham mais 200 anos de tradição. Ah, se um dia você for à procissão, não se esqueça de trazer um pedaço da corda, transforme-o em talismã e guarde para sua proteção.




Outros artigos interessantes deste mesmo autor:

Deixe seu like e siga nossa Rede Social:
0

Grace Brett

Sou a Grace Brett, apaixonada pela Amazônia. É minha terra, minha gente, lá estudei. Minha formação é Letras, especialista em Língua Portuguesa e Crítica Literária, também em Estudos Culturais da Amazônia. Trabalhei 22 anos como professora, gosto de pessoas, amo escrever e ler. Atualmente moro no RJ, onde estudo Astrologia e Tarot, já atendo, sempre ensinando, sempre aprendendo. página Magia dos Astros no Facebook e Instagram Whatsapp 21 983665227 email gracesampa@hotmail.com

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *