O Fenômeno da Projeção II

O Fenômeno da Projeção II>>

Aldo Carotenuto em Eros e Pathos refere-se a esse fenômeno

“Somos todos portadores de tal carência e somos sempre interiormente estimulados à busca daquilo de que somos carentes….

viver a falta e procurar superá-la mediante a busca da totalidade perdida.

Deve ser dito, porém, que se requer um pouco de coragem, porque uma promessa de completude implica sempre também o risco de um fracasso. (…)

O destino estrutural da nossa vida é aprender a suportar a privação e também a desilusão da pessoa que está ao nosso lado: qualquer que seja ela, qualquer coisa que possa representar ou haver representado para mim, exprime, contudo, uma ausência.“

O Fenômeno da Projeção II – Relacionamentos afetivos

Decerto, uma das formas mais comuns de nos depararmos e ainda, sermos vitimados por nossas projeções, se dá na esfera afetiva.

Porquanto, através do outro no qual projetamos aspectos que com efeito, são nossos, vivemos uma falsa plenitude.

Sobretudo, quanto mais íntima for a relação, igualmente, maior a possibilidade de reconhecimento de que a imagem que me seduz, em síntese, é na realidade, uma imagem interior minha.

Assim sendo, só no convívio com o outro essa projeção poderá com efeito, ser desfeita, ademais, através do reconhecimento sincero de que esse outro fomos nós que construímos.

Ele, portanto, não existe. Ao menos, não existe de fato, como costumamos enxergar

Outrossim, não passa de um reflexo da nossa própria subjetividade.

Esse reconhecimento pode ser bastante duro. Prém,  só através dele nos tornamos inteiros e libertos.

Nesse momento em que percebo que o outro não possui aquelas características que eu via nele, passo também a me reconhecer.

Com efeito, começo a entrar em contato com aspectos meus que desconhecia até então.

O outro, o relacionar-se com o outro, como resultado, é uma via para que conheça minha própria subjetividade.

O Fenômeno da Projeção II – A retirada da projeção

Sobretudo, isso ocorre quando algo que nos era inconsciente, surpreendentemente, passa a fazer parte da esfera da nossa consciência.

Portanto, quando nosso ego é capaz de reconhece-lo como parte integrante da nossa personalidade.

Nas palavras de Marie-Louise von Franz:

“Jung comparou certa vez o complexo do Eu, com um homem pescando e navegando em seu barco (seus pressupostos conscientes ligados a sua concepção de mundo) no mar do inconsciente.

Ele não pode sobrecarregar o seu barco com peixes das profundezas, isto é, com conteúdos inconscientes, além do que é capaz de aguentar, senão afunda.

Isso explica porque as pessoas com um Eu fraco, quase sempre se defendem desesperadamente de toda elucidação de suas projeções negativas –

elas não conseguem suportar o peso e a opressão moral provocada por tal elucidação.

Por sua vez, a projeção de características positivas é percebida freqüentemente, com menos má-vontade, mas um homem frágil então sai voando do chão da realidade como um balão cheio, sofre uma inflação, tornando-se do mesmo modo inconsciente.

A retirada e a integração de projeções é, pois, uma questão delicada, cujo tratamento exige muito tato por parte do terapeuta

Ele deve se perguntar se o Eu da pessoa analisada pode realmente suportar os efeitos colaterais após o esclarecimento de uma projeção.

Parece quase impossível (…) um homem assimilar o núcleo arquetípico de todos os complexos pessoais; por isso existem no mundo inteiro histórias de fantasmas, nas quais o “espírito” depois de executar determinadas tarefas, volta pacificamente para o Além.

Bem, o espírito em si continua existindo, cessa somente a sua ânsia de importunar outros homens de maneira tão insistente.

Se todos nós pudéssemos compreender as próprias projeções nos seus mínimos detalhes, nossa personalidade atingiria uma dimensão cósmica. “

Todavia, não raro, ao final de um relacionamento afetivo, olhamos para o outro e passamos a considerá-lo um estranho.

Usualmente, dizemos que ele mudou, assim como  não é mais a mesma pessoa de quando lhe conhecemos.

Isso também costuma ser uma falácia. Ele não mudou, fomos nós que mudamos na medida em que passamos a nos conhecer melhor

Jogar a culpa sobre o outro não nos ajuda em nada, pois nos rouba a possibilidade de nos conhecermos um pouco mais.

Aquele outro que víamos, não era outro senão nós mesmos, só que projetados.

ESTRANHA ALQUIMIA

Claudia Araujo

acendi as velas,
poli pratas e cristais,
coloquei a mais linda mesa
não me esqueci dos castiçais

acendi incensos, rescendi a aromas
perfumei-me de sândalo,
cravo, canela e noz
e nós?

Fiz uma trilha sonora
minhas fitas, meus discos e cds
Lhe aguardei por muitas horas
no meu louco querer

Ouvi teus passos muitas vezes no corredor
senti seu assovio ao chegar,
tonto de amor

Coloquei a mesa
preparei os pratos,
os odores dos alimentos senti

preparei um ágape
por amor a ti

Alquimizei meus sonhos,
desejos e ilusão

despejei odores e condimentos
em profusão

coloquei tudo em meu caldeirão
e mexi

Me vinham odores de amor, música, sexo,
violetas, aquarelas, sentimentos e vida

fiz um unguento poderoso com nossa vida
e me preparei para o que ainda está por vir,

Coloquei tudo numa caixa,
lacrei a tampa

e ali ficamos…….

nossa vida num armário definhando….

eu sou eu
já não preciso mais de ti




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Claudia Araujo

Aquário com Gêmeos, sou muitas e uma só. Por amar criar com as mãos, sou designer de biojóias e mantenho o site terrabrasillis.com, assim como pinto aquarelas e outras ¨manualidades¨. Por não me entender sem a busca do mundo interno do outro, sou astróloga com 4 anos e meio de formação em psicologia analítica sob a supervisão de José Raimundo Gomes no CBPJ – ISER e já mantive por anos o site Meio do Céu. Nessa nova etapa mantenho o site grupomeiodoceu.com. Dou consultas astrológicas e promovo grupos de estudo de Jung e Astrologia, presenciais e online. São várias vidas vividas numa única existência, mas minha verdadeira história começa aos 36 anos, e o que vivi antes ou minha formação acadêmica anterior, já nem lembro, foi de outra Claudia que se encerrou em 1988. Só sei que uso cotidianamente aquilo em que me tornei, e busco sempre não passar de raspão pelo mapa astrológico do outro. Mergulhar é preciso, e ajudar o outro a se transformar, algo imprescindível. Só o verdadeiro autoconhecimento pode gerar transformação. Não existe mágica, e essa autotransformação não ocorre via profissional, mas apenas através do real interesse do cliente em buscar reconhecer como se manifesta em sua vida cotidiana e qual seu potencial para a transformação. Todos somos mais do que aquilo que vivenciamos. A busca deve passar sempre pelo reconhecimento daquele eu desconhecido que em nós mesmos habita. A Astrologia é um facilitador nessa busca porque nela estão contidos tanto nossos aspectos luz quanto sombra. Ela resolve nossos problemas? A resposta é não. Ela apenas orienta no sentido do reconhecimento de nossa totalidade. A busca é do cliente. A leitura é do astrólogo, mas só o cliente poderá encontrar o caminho de sua totalidade e crescimento responsável. websites : www.terrabrasillis.com e www.grupomeiodoceu.com Fale com Claudia direto no Whatsapp

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