Os Mortos antes de morrer

Os Mortos antes de morrer

Dentro do sufismo, esse é sem dúvida um forte objetivo.

A meta do sufismo se direciona sempre para o trabalho interior

Com o fim de atingir essa meta, algumas posturas de vida terão que ser abandonadas pelo dervixe durante o caminho.

Partindo-se do pressuposto de que com efeito, precisa-se de muito pouco para se viver, a tentação do mundo não encontra espaço nessa caminhada.

Perdemos mais tempo do que o necessário tentando adquirir objetos de sedução que, contudo, não nos acrescentam nada.

Da mesma maneira, nos afastamos muito de nosso centro divino, em busca dessas mesmas coisas.

Coisas que nos trazem satisfação fugaz, transitória, e que nos distraem do que efetivamente deveríamos almejar.
Elas nos separa de nós mesmos.

Além disso, nos dividem em vários eus, cada um deles com seus desejos.

A Humildade é uma condição indispensável para quem pretende ser um dervixe

Aquele que está sempre preocupado quer com os olhos do mundo, quer com as opiniões do mundo sobre si, não se torna um dervixe.

Por outro lado, ele mesmo tem que saber quem é e o que almeja, se o mundo externo ou de fato, seu mundo interior.

Nesse caminho, decerto, muitas vezes eles são incompatíveis.

Não pretendo afirmar com isso que não se esbarre pelo caminho com pessoas que se consideram tanto dervixes quanto califas ( uma espécie de mestre) nessa empreitada, e que na prática não o sejam.

Com efeito, existem inúmeros, e o bom observador percebe facilmente as distorções entre a teoria e a prática.

Somos humanos e temos todos nossa sombra. Caso não haja humildade em reconhecê-la, ele será sempre uma máscara. Alguém que de fato representa um papel que não lhe cabe.

A vaidade é uma das causas que atrapalham o desenvolvimento interior

Esses falsos dervixes e analogamente, esses falsos califas, se perdem pelo excesso de vaidade.
Ela tira o foco do trabalho a ser efetuado em si mesmo e, outrossim, leva a um estado de inflação impossível de deixar que atinjam os objetivos almejados.

Não é fácil ser um sheik, um califa ou mesmo um dervixe. Nossa sombra vive sempre à espreita para nos pregar peças.

Ela bem pode ser uma aliada se reconhecida, porque nos ajudará a enxergarmos o que precisamos transformar. Contudo, se houver inflação e não humildade, isso jamais ocorrerá.

Os Mortos antes de morrer

Essa máxima sufi significa exatamente uma síntese do que descrevi até agora.

Essa morte simbólica, é uma morte iniciática, assim como um grande desafio. O sufi tem que estar no mundo como todos os demais, participar do mundo como os demais. Também ganhar seu sustento e conviver com sua família como os demais. No entanto, o mundo não poderá distraí-lo de seu caminho interior.

Um verdadeiro sufi deverá estar morto para o caminho da diversidade e do desejo egoico.

Esse mundo caleidoscópico não poderá ser o seu mundo. Para esse, ele deverá estar morto.

Fatima al-jerrahi – Claudia Araujo




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Claudia Araujo

Aquário com Gêmeos, sou muitas e uma só. Por amar criar com as mãos, sou designer de biojóias e mantenho o site terrabrasillis.com, assim como pinto aquarelas e outras ¨manualidades¨. Por não me entender sem a busca do mundo interno do outro, sou astróloga com 4 anos e meio de formação em psicologia analítica sob a supervisão de José Raimundo Gomes no CBPJ – ISER e já mantive por anos o site Meio do Céu. Nessa nova etapa mantenho o site grupomeiodoceu.com. Dou consultas astrológicas e promovo grupos de estudo de Jung e Astrologia, presenciais e online. São várias vidas vividas numa única existência, mas minha verdadeira história começa aos 36 anos, e o que vivi antes ou minha formação acadêmica anterior, já nem lembro, foi de outra Claudia que se encerrou em 1988. Só sei que uso cotidianamente aquilo em que me tornei, e busco sempre não passar de raspão pelo mapa astrológico do outro. Mergulhar é preciso, e ajudar o outro a se transformar, algo imprescindível. Só o verdadeiro autoconhecimento pode gerar transformação. Não existe mágica, e essa autotransformação não ocorre via profissional, mas apenas através do real interesse do cliente em buscar reconhecer como se manifesta em sua vida cotidiana e qual seu potencial para a transformação. Todos somos mais do que aquilo que vivenciamos. A busca deve passar sempre pelo reconhecimento daquele eu desconhecido que em nós mesmos habita. A Astrologia é um facilitador nessa busca porque nela estão contidos tanto nossos aspectos luz quanto sombra. Ela resolve nossos problemas? A resposta é não. Ela apenas orienta no sentido do reconhecimento de nossa totalidade. A busca é do cliente. A leitura é do astrólogo, mas só o cliente poderá encontrar o caminho de sua totalidade e crescimento responsável. websites : www.terrabrasillis.com e www.grupomeiodoceu.com Fale com Claudia direto no Whatsapp

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