Anseios da Alma e Destino Humano

Anseios da Alma e Destino Humano

Embora Carl Gustav Jung tenha vivido numa época em que o homem vivia sob o domínio da biologia e dos instintos, ele teve um olhar diverso dos demais.

Desenvolveu, portanto, uma outra visão do processo humano.

Percebeu que o grande questionamento do homem passava pela busca de significado, da busca de um sentido para sua vida.

Partindo dessa premissa, pode asseverar que o ser humano tinha como destino sua realização.

Identificou ainda, que a busca humana era pelo retorno ao Uno como no princípio

Esse Uno que poderia chamar-se Deus ou Totalidade, ele nominou de SELF.

Sua percepção foi de que em seu trajeto, a alma clama por esse retorno.

Simultaneamente, essa percepção levou ao entendimento de que a psique humana vivencia um processo natural que a impele ao crescimento.

De que existe uma finalidade no organismo psíquico, que o leva a se orientar no sentido da sua auto-completude.

Contudo, esse itinerário não se constitui numa linha reta e imutável, a alma vivencia as experiências como um processo.

A esse processo ele chamou de Processo de Individuação.

Aos poucos, o ego vai entendendo sua relatividade e percebendo que sua autonomia não passa de uma ilusão.

Nessa jornada ele precisa encarar e reconhecer suas máscaras, assim como reconhecer e enfrentar sua sombra.

Ademais, será preciso dialogar com sua contraparte sexual subjetiva e interior a qual ele deu o nome de “anima e animus”.

Somente dessa maneira o homem pode enfim almejar uma compreensão real de sua vida interior, e se realizar.

Realização essa que outra coisa não é do que ser aquele ser único e autêntico com suas características diferenciadas da massa e das expectativas projetadas.

Assim, durante esse processo, a sombra aparece então, não como a inimiga, mas como o que falta a cada personalidade e que daria um sentido à própria vida.

Ela funciona como um estágio do processo de crescimento humano, inclusive subvertendo a velha escala de valores estabelecida.

Durante o processo de individuação, a sombra terá que se realizar, além do que, a psique jamais medirá esforços nesse sentido. Ela faz parte de nossa totalidade, aceitemos ou não o fato.

Nossa psique força incansavelmente para que sejamos aptos a buscar nossa integralidade.

Para Jung, o arquétipo centralizador e organizador de nossa vida psíquica é o arquétipo do SELF ou SIMESMO.

O SELF ou SIMESMO, é a imagem do divino em nós, internalizada e não projetada.

É ela, portanto, que nos impulsiona para a realização. É a responsável pelos anseios da alma pelo crescimento, portanto, uma fazedora de destino.

O conceito de SELF, representa então na psicologia junguiana, aquilo que costuma-se chamar de Deus.

Para nós astrólogos, é fácil perceber essa “organização” através dos trânsitos dos planetas transpessoais: Urano, Netuno e Plutão.

Esses, ao tocarem os planetas em nosso mapa, como que subvertem as normas estabelecidas, nos levando por caminhos impensados anteriormente. Nos fazem enxergar partes de nós mesmos que não reconhecíamos como integrantes de nossa personalidade, mas que agora pedem expressão.

Existe um processo comum a todos eles: a perda inicial de alguma coisa ou valores para que possamos dar lugar ao novo, à personalidade nascente, que a partir daí se torna mais abrangente.

O que pode mudar com relação a cada um deles é a forma de perder ou ter que abrir mão. Assim como de que maneira e para onde vamos, pois essa é uma questão relacionada à nossa capacidade de fazermos nossas próprias escolhas.

Sendo que é apenas nesse contexto que podemos exercer nosso livre arbítrio durante seus trânsitos.

De todo modo, existe um fio condutor comum aos três:

– teremos que nos livrar de bagagens desnecessárias para que possamos prosseguir.

Por essa razão, somos levados a acreditar que um destino implacável se abateu sobre nós.

Com freqüência tenho sentido a associação do SELF com os planetas transpessoais, os verdadeiros responsáveis pela possibilidade de nossa alma se realizar.

Eles se manifestam como sendo os cobradores divinos, fazendo com que abandonemos coisas que prezávamos, embora já não nos sirvam mais.

Eles nos arrastam por circunstâncias que acabam por abrir portais para um novo cenário. Surge um sem fim de novas possibilidades, um verdadeiro renascimento.

Enquanto seres humanos que somos, tememos essas mudanças.

Estamos tão identificados com a pequenez do que projetamos para nós mesmos que nos abalamos e desesperamos com essas perdas.

Decerto eles não nos tornam melhores ou mesmo piores, entretanto, acabamos por nos tornarmos alguém mais autêntico.

É doloroso descobrirmos que não somos aquilo que acreditávamos ser, ou ainda, que não somos mais capazes de preencher as expectativas que o mundo projetou para nós.

Perseguimos por tantos anos modelos que considerávamos ideais que ao nos vermos abrindo mão desses mesmos modelos que simbolizavam nossa segurança, o natural seja o pânico, o medo do que está por vir.

Acontece que, sobretudo, ao nos tirar o que já não nos serve, os planetas transpessoais em seu ciclo estão gerando vida.

Estão gestando realização assim como plenitude, e sobretudo, buscando a completude de nossa alma.

Somente após a crise, quando a nova personalidade se consolida é que podemos entender o quanto estamos mais próximos de nossa própria essência.

O quanto nosso destino se cumpriu e nossa alma se realizou.




Outros artigos interessantes deste mesmo autor:

Deixe seu like e siga nossa Rede Social:
0

Claudia Araujo

Aquário com Gêmeos, sou muitas e uma só. Por amar criar com as mãos, sou designer de biojóias e mantenho o site terrabrasillis.com, assim como pinto aquarelas e outras ¨manualidades¨. Por não me entender sem a busca do mundo interno do outro, sou astróloga com 4 anos e meio de formação em psicologia analítica sob a supervisão de José Raimundo Gomes no CBPJ – ISER e já mantive por anos o site Meio do Céu. Nessa nova etapa mantenho o site grupomeiodoceu.com. Dou consultas astrológicas e promovo grupos de estudo de Jung e Astrologia, presenciais e online. São várias vidas vividas numa única existência, mas minha verdadeira história começa aos 36 anos, e o que vivi antes ou minha formação acadêmica anterior, já nem lembro, foi de outra Claudia que se encerrou em 1988. Só sei que uso cotidianamente aquilo em que me tornei, e busco sempre não passar de raspão pelo mapa astrológico do outro. Mergulhar é preciso, e ajudar o outro a se transformar, algo imprescindível. Só o verdadeiro autoconhecimento pode gerar transformação. Não existe mágica, e essa autotransformação não ocorre via profissional, mas apenas através do real interesse do cliente em buscar reconhecer como se manifesta em sua vida cotidiana e qual seu potencial para a transformação. Todos somos mais do que aquilo que vivenciamos. A busca deve passar sempre pelo reconhecimento daquele eu desconhecido que em nós mesmos habita. A Astrologia é um facilitador nessa busca porque nela estão contidos tanto nossos aspectos luz quanto sombra. Ela resolve nossos problemas? A resposta é não. Ela apenas orienta no sentido do reconhecimento de nossa totalidade. A busca é do cliente. A leitura é do astrólogo, mas só o cliente poderá encontrar o caminho de sua totalidade e crescimento responsável. websites : www.terrabrasillis.com e www.grupomeiodoceu.com Fale com Claudia direto no Whatsapp

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *