Atenção à Saúde Mental da Gestante, Um Cuidado Interdisciplinar

Atenção à Saúde Mental da Gestante>> Nada transforma a vida de uma mulher como a maternidade.

É o momento de crescer para (promo)ver o crescimento.

A saúde mental da mulher interferirá na experiência de maternidade e na relação mãe-filho, portanto, para tanto, é preciso cuidar da saúde mental na gestação e no puerpério.

A gestação é fator de risco para a recaída de condições psiquiátricas pré-existentes, precipitada por vezes pela descontinuidade do uso de psicotrópicos antes da concepção.

Atenção à Saúde Mental da Gestante, Um Cuidado Interdisciplinar

Mulheres com depressão crônica, mantidas com antidepressivo, mas aconselhadas a descontinuá-los durante a gravidez, têm chance de recaída elevada, em torno de 75%, segundo Joel Rennó Júnior, diretor do Programa de Atenção à Saúde Mental da Mulher (ProMulher) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

E, de acordo com a gravidade da manifestação sintomática dos desequilíbrios psicológicos, a interrupção/falta de tratamento específico na gestação pode prejudicar o desenvolvimento do feto, dificultando o desenvolvimento do vínculo materno-fetal.

A precariedade de avaliação da saúde mental da gestante é um agravante para a saúde materno-infantil.

Sabemos que o stress na gestação está presente em mais de 80% das gestantes e que os transtornos do humor não são raros nesta fase do ciclo vital, sendo a depressão pós-parto em mulheres brasileiras (19 a 37%) mais frequentes que a porcentagem mundial (10 a 15%).

O stress, assim como a ansiedade e/ou a depressão durante a gestação podem causar prejuízos de ordem orgânica, comportamental e/ou mental, ao longo do ciclo gravídico puerperal na mulher e/ou seus descendentes (de feto a sujeito), e estão entre os principais fatores de risco para depressão pós-parto, enquanto a ansiedade crônica não tratada na gestação pode levar a parto prematuro, baixo peso ao nascer e até ao abortamento espontâneo.

O primeiro espelho da criatura humana é o rosto da mãe.
A sua expressão, o seu olhar, a sua voz. É como se o bebê pensasse: “olho e sou visto, logo, existo!”

Atenção à Saúde Mental da Gestante, falta de cuidado adequado após o parto

A falta de tratamento adequado da mãe, após o parto, também é prejudicial ao desenvolvimento dos filhos.

Mulheres com depressão pós-parto não tratadas adequadamente podem levar a prejuízos do desenvolvimento cognitivo e de linguagem após o nascimento, bem como as psicoses no pós-parto com alterações de juízo e crítica, delírios e alucinações favorecem a auto-agressividade, suicídio e infanticídio.

Uma anamnese bem conduzida, com atenção singularizada ao estado psíquico da gestante é mister, e a condução de um tratamento homeopático em substituição ou associado ao tratamento farmacológico de tais pacientes requer ampla discussão dos riscos e benefícios, e deve haver livre comunicação entre a família, obstetra e equipe, homeopata, psiquiatra e o pediatra que assistirá o binômio mãe&bebê.

Todo médico deve estar ciente de que não existe medicamento psicotrópico sem riscos

Porém, é possível basear-se em evidências científicas e experiência clínica para avaliação adequada.
Como salienta Dr. Joel, “o trabalho interdisciplinar é importante, porém, infelizmente, há profissionais radicais que contra-indicam antidepressivos e outros psicotrópicos em qualquer gestação, sem avaliar todos os fatores envolvidos à luz da ciência, o que involuntariamente pode causar sérios prejuízos à mulher e ao bebê. Extremismos e irredutibilidade devem ser evitados a todo custo.”

As angústias geradas durante a gestação são basicamente atualizações dos processos inconscientes das angústias vividas pela gestante, quando ainda bebê, em seu relacionamento com a mãe.

Atenção à Saúde Mental da Gestante, relações da gestante com sua mãe

Quanto melhores tiverem sido as relações iniciais da gestante e sua mãe, menor e menos hostil o conflito aceitação-rejeição que acompanha toda e qualquer gestação.

Para maternar é preciso reviver, ressignificar e recriar a experiência de maternagem.

Atingir um equilíbrio entre o ritmo inato de necessidades da criança e o atendimento materno, sem frustração excessiva nem intrusão ou sufocação de sua individualidade, constitui tarefa difícil de ser realizada pelas mães de nossa cultura.

O tratamento homeopático, na forma de atenção individualizada à gestante e contextualizado a história biopatográfica da concepção fornece subsídios para um desenvolvimento fetal e o estabelecimento de uma relação de vínculo e apego mãe/bebê mais harmoniosa, contribuindo para uma vivência mais equilibrada da gestação, colaborando para a prevenção de perturbações obstétricas e patológicas, e consequentemente, favorecendo um parto e lactação, assim como uma infância mais saudável e feliz.

Denise Espiúca Monteiro – Mãe, Pediatra, Homeopata, Mestre em Saúde Coletiva, autora dos livros “O que você vai ser quando crescer? Abordagem Homeopática da Criança” e “Primeiros Laços – Maternidade, Maternagem, Homeopatia”, pela Editora H.P. Comunicação.




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Denise Espiuca

Denise Espiúca Monteiro Médica Homeopata, Mestre em Saúde Coletiva pelo Instituto de Medicina Social/UERJ. Diretora do Ambulatório Escola do IHB, A Casa da Homeopatia Brasileira. Escritora, ocupa a cadeira 25 da ABRAMES, Academia Brasileira de Médicos Escritores. Email: despiuca@dh.com.br

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